Margarida Balseiro Lopes "Quero ser conhecida como a melhor presidente de sempre"
O que podem os jovens portugueses da nova presidente?
Podem esperar alguém que queira falar daquilo que verdadeiramente interessa e importa aos jovens em Portugal - que seja uma pessoa incómoda, que incomode, porque acredito que não se está na política para não incomodar.
Durante a campanha focou-se bastante na Educação. Porquê?
A Educação é suposto ser o principal elevador social em Portugal - e no mundo, também. É a única forma que temos de contrariar o ciclo de pobreza que muitas vezes não consegue ser contrariado. Por isso precisamos de uma educação de qualidade, que esteja no século XXI e infelizmente em Portugal ainda não está. Temos que preparar e capacitar as nossas crianças e os nossos jovens a serem aquilo que quiserem, a serem os melhores num mundo cada vez mais competitivo.
E para isso que medidas concretas defende?
Destaco três das várias que apresentei: a programação no ensino do primeiro ciclo - à semelhança do que já existe em alguns concelhos, dou como exemplo o Fundão, através da Academia de Código; a substituição gradual dos manuais escolares em papel por conteúdos digitais (nos últimos três anos terão sido gastos 25 milhões de euros do Orçamento do Estado). Infelizmente as escolas apetrechadas ainda são uma minoria, como tive oportunidade de visitar algumas durante a campanha eleitoral. E a terceira, sabendo que é suposto os alunos serem os principais intervenientes no processo educativo, devem ter uma palavra na avaliação dos professores, permitindo premiar aqueles que verdadeiramente inovam, e sobretudo que marcam e se diferenciam no percurso de cada um de nós.
Ser a primeira mulher a presidir à JSD é uma conquista importante no âmbito da igualdade de género?
Eu tenho trabalho a igualdade de género no Parlamento (é uma das comissões onde estou). O que costumo dizer é que não quero ser conhecida como a primeira mulher mas como a melhor presidente de sempre. Sabendo que é um acontecimento histórico, o importante é perceber que não é esse o fator de mobilização do meu mandato como presidente da Jota, mas que sirva para inspirar as raparigas e mulheres que se inscrevem na JSD, para que elas saibam que podem ser o que quiserem na estrutura, que saibam que não existe [na JSD] nenhum teto de vidro.
Foi importante receber o apoio do líder do partido, no final do congresso?
Claro que sim. Aliás, Rui Rio teve um comportamento exemplar na campanha eleitoral: não se imiscuiu em rigorosamente nada. Julgo que isso acontece porque ele foi dirigente da JSD, e se há pessoa que conhece e sabe o que é a autonomia da Jota é ele. Para além de que essa autonomia não se traduz apenas na sua forma de funcionamento, mas sobretudo nos temas que a JSD traz, que podem ou não ser de acordo com a linha política ou as propostas apresentadas pelo partido. Estou certa de que ele respeitará e dará margem para que essas divergências saudáveis também possam existir, se as houver.
Há quem a classifique como "Passista"...
Eu sou uma admiradora confessa do anterior presidente do partido, Se me quiserem chamar assim, não é nada que me incomode verdadeiramente. Mas na verdade eu obedeço apenas à minha consciência e aos militantes da JSD. Sou sobretudo uma social-democrata do século XXI.