Marcha do Orgulho LGBT juntou largas centenas de portugueses e estrangeiros em Lisboa
A Marcha do Orgulho LGBT, que decorreu hoje em Lisboa, juntou largas centenas de portugueses e estrangeiros, ativistas, políticos e muitos cidadãos anónimos. O encontro estava marcado para as 17:00 no Príncipe Real e o calor que esteve hoje em Lisboa, a passar os 30ºC, não demoveu centenas de pessoas de aparecerem para juntas marcharem até ao Cais das Colunas pelos direitos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgéneros).
Na massa humana, que a Lusa acompanhou, estavam vários estrangeiros, como o casal de norte-americanos Erin e James Childre, na companhia das três filhas pequenas. De férias, "a viajar pelo mundo", Erin e James decidiram juntar-se à marcha por serem "grandes apoiantes dos direitos LGBT" e estarem a ensinar às filhas "lições sobre o amar o outro, não importa o quê". "Direitos para todos!", gritou Erin.
Na companhia de amigos estrangeiros estava o português João Beltrão. "Vim mostrar a pessoas de outros países (França e China) o 'Pride' [Orgulho] Lisboa, embora seja um pouco diferente dos que há em Londres, em Paris ou em Nova Iorque", disse à Lusa.
Em Lisboa esta marcha é diferente, explicou, por ser "algo mais político do que uma festa muito grande". "Mas pela diferença vale a pena mostrar, vale a pena que vejam", garantiu. Este ano, na marcha de Lisboa estiveram presentes 22 organizações, pelo menos quatro eram partidos/movimentos políticos: o Bloco de Esquerda (BE), o Livre/Tempo de Avançar, o Pessoas-Animais-Natureza (PAN) e o Movimento Alternativa Socialista (MAS).
Para Catarina Martins, dirigente do BE, "estar nesta marcha é fazer parte do compromisso de unir forças para que não passe da próxima legislatura essa exigência da Democracia de que todas as famílias sejam tratadas em condição de igualdade [referindo-se à adoção por casais do mesmo sexo]".
Os direitos "plenos" LGBT, "incluindo o direito de um casal de pessoas do mesmo sexo poder, como qualquer outro casal, adotar", está também "bastante presente na agenda inadiável" do Livre/Tempo de Avançar, de acordo com o dirigente daquele movimento Daniel Oliveira.
Para Daniel Cardoso, da organização da marcha, uma das formas "mais diretas e mais necessárias de agir socialmente é criar visibilidade, porque esta visibilidade luta contra o silêncio". "E lutar contra o silêncio é lutar contra a violência do silêncio e lutar contra a violência que se esconde no silêncio", afirmou. "Contra a violência, quebra o silêncio" foi o lema escolhido este ano para a marcha.
Eduarda Ferreira, também da organização, explicou que esta violência não é apenas "a violência física das ruas", mas também "a invisibilidade, a pressão enorme que existe relativa ao estigma social ao ponto de as pessoas sentirem necessidade de ocultar uma parte importante da sua vida, da sua identidade".
Para Eduarda Ferreira é preciso combater a "violência do silenciamento, que leva pessoas a ficarem invisíveis no dia-a-dia, a célebre expressão de estar no armário, não por capricho pessoal mas por necessidade e por defesa, para não serem alvo nem vítimas de discriminação".
Foi por sentir "orgulho" e "vontade de ser livre" que Helena, de 18 anos, decidiu participar hoje na marcha, tal como já tinha feito em anos anteriores. Como ela, muitos outros adolescentes desfilaram do Príncipe Real ao Cais das Colunas.
Ângela Ferreira, da Amnistia Internacional, fê-lo para relembrar que, "há pessoas que por terem uma orientação sexual diferente veem todos os dias os seus direitos mais básicos violados" e que, "apesar de se considerar que a família é um bem comum e essencial a todos ainda não está assegurado para toda a gente".