Marcelo defende comissão de ética com senadores
O candidato presidencial Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou esta noite o facto de estar em frente a um opositor que tem como bandeira o combate à corrupção (Paulo Morais) para defender a criação "de uma comissão de ética à luz da ética" para analisar as incompatibilidades dos deputados e composta, por exemplo, "por antigos presidentes da Assembleia da República, como Jaime Gama ou Mota Amaral". Isto porque a atual comissão de ética segue apenas a legislação, quando há casos em que "não há ilegalidade, mas há uma situação que não há ética".
Já o candidato presidencial Paulo Morais começou por reiterar que considera Marcelo "herdeiro do regime", embora tenha destacado que o considera "materialmente sério". Paulo Morais acusa, no entanto, Marcelo de ser "o desdramatizador" de "não querer levantar ondas na política portuguesa", tentando ainda colá-lo a António Costa: "Marcelo desdramatiza quer Costa governe bem ou mal, desdramatiza quando Costa coloca dois mil milhões no Banif, desdramatiza quando ao fim de mais de 40 dias o governo não apresenta orçamento". Sobre o Orçamento para 2016, Marcelo disse que "uma vez que é um governo novo, tem de alterar as políticas", logo "um mês e meio não é escandaloso".
O ex-vereador da câmara do Porto disse ainda que a "estabilidade" que Marcelo propõe é inimiga da evolução da sociedade. Marcelo, na resposta, agradeceu, já que muitos adversários defendem, precisamente que é instável. O ex-líder do PSD lembrou ainda casos em que, como líder do PSD, atacou interesses instalados, dando o exemplo do Totonegócio. Além disso, mostrou-se confortável na pele de "desdramatizador" e de criador de estabilidade, revendo-se no modelo de Presidente "gerador de consensos entre parceiros económicos e sociais":
Marcelo compromete-se a fazer pontes num "pais desenlaçado", ainda para mais numa altura em que "o país está dividido em dois países politicamente antagónicos. Muita coisa desenlaçou e precisa de ser desdramatizada e estabilizada". Paulo Morais rebateu dizendo que "a política não está desenlaçada, está coesa, a prova é que ainda agora PSD e PS juntaram-se no parlamento para dar dois mil milhões de euros ao Banif e ao Santander". Marcelo defendeu ainda que o país deve "reforçar os meios de investigação à corrupção: da Polícia Judiciário e do Ministério Público, que são muito limitados".
O antigo presidente do PSD admitiu que nada está ganho, pois "sondagens são sondagens. Mas uma coisa é certa: quem mais ordena é o povo. Tem tanta hipótese de ser eleito Marcelo Rebelo de Sousa como Paulo Morais".
Sobre se pretendia ficar 10 anos em Belém, Marcelo Rebelo de Sousa recusou-se a colocar a "carroça à frente dos bois" e comentar um possível segundo mandato, quando ainda não foi eleito para o primeiro.