Marcelo conta que o Papa mostrou apreço pelos portugueses

Chefe de Estado revelou pormenores da conversa que manteve com o Papa Francisco no Vaticano
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O Presidente da República afirmou hoje que a audiência com o papa Francisco foi "muito impressiva", ficando "muito patente" o apreço que tem por Portugal e pelos portugueses, que conhece desde criança, no seu bairro de Buenos Aires.

"Muito impressiva foi a audiência com o Santo Padre, porque ficou muito, muito patente o modo como acompanha o que se passa em Portugal e o apreço que tem por Portugal e pelos portugueses. Considerei isso muito significativo", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, numa conferência de imprensa na residência da embaixada de Portugal junto da Santa Sé.

A audiência, a sós, decorreu durante cerca de meia hora hoje de manhã, iniciando-se pelas 10:07 (11:07 em Lisboa). Após o encontro com o papa Francisco, o Presidente da República português encontrou-se ainda com Pietro Parolin, o secretário de Estado do Vaticano, cargo equivalente ao de primeiro-ministro.

Marcelo Rebelo de Sousa fez ainda uma breve visita à Basílica de São Pedro, ajoelhando-se junto ao túmulo do papa João Paulo II.

Aos jornalistas, numa conferência de imprensa na residência da Embaixada de Portugal junto da Santa Sé, o Presidente da República sublinhou que "o papa Francisco referiu-se a Portugal e aos portugueses com muito, muito apreço".

"Recordou que na sua infância lidou de muito perto com portugueses. A família vivia numa área onde havia muitos portugueses e desde muito cedo conheceu os portugueses emigrantes na Argentina, os portugueses povo trabalhador, humilde, sério, fraternal e solidário", contou.

Segundo o chefe de Estado português, o papa Francisco "percebe a vocação universal dos portugueses".

"Não é um fenómeno que seja preciso explicar-lhe, percebe", frisou Marcelo, sempre insistindo que Francisco se referiu a Portugal de um modo "quase carinhoso".

O papa Francisco conversou em castelhano, enquanto Marcelo Rebelo de Sousa se exprimiu, de acordo com a sua própria definição, num "português em transição para o espanhol".

Na troca de presentes, o Presidente português ofereceu ao papa um conjunto de paramentos desenhados pelo arquiteto português Álvaro Siza Vieira, e ainda um registo de Santo António, "talvez um dos mais bonitos" da sua coleção pessoal.

O papa ofereceu a Marcelo Rebelo de Sousa versões portuguesas da encíclica "Louvado sejas" e da exortação apostólica "Alegria do Evangelho", os dois grandes documentos do pontificado de Francisco, bem como um medalhão com dois ramos de oliveira entrelaçados.

A Lusa testemunhou que o chefe da Igreja Católica explicou que a oliveira é o sinal da paz e que a missão dos governantes é construir a paz.

"Isso é um tema muito atual hoje na União Europeia por causa dos refugiados. Não deixa de ser uma coincidência, mas é uma coincidência o realizar-se hoje a cimeira europeia para tratar desse tema. É um tema muito atual, como é que a União Europeia, fiel aos seus valores e princípios, vai lidar com o fenómeno dos refugiados", acrescentou.

O Presidente afirmou que hoje lembrou "que Portugal tem sido exemplar" na questão dos refugiados: "Portugal em termos proporcionais tem sido o primeiro país da Europa a acolher refugiados e em termos de valores absolutos é o terceiro".

"Da parte de Portugal houve desde sempre e é uma posição do Estado português - não é do Governo, do parlamento ou do Presidente da República -, é de todos os órgãos de soberania, uma sensibilidade para acolher aqueles que estão em condições que todos os dias vemos e que são dramáticas e nelas estão há longos meses, fruto de uma guerra que não termina", declarou.

Marcelo Rebelo de Sousa reiterou que a sua primeira visita enquanto Presidente da República, oito dias depois de tomar posse, foi ao Vaticano porque esta foi a primeira entidade a reconhecer a independência de Portugal e a legitimidade do soberano, o rei D. Afonso Henriques.

"Volvidos mais de oito séculos, há aqui um reafirmar de um relacionamento entre, de um lado, a Santa Sé e, de outro, Portugal", sublinhou.

Marcelo Rebelo de Sousa seguiu para Madrid, onde se encontrará ainda hoje com os reis de Espanha.

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