Manuscritos raros sauditas na Torre do Tombo

Livros antigos da Arábia Saudita e velhas imagens das cidades santas muçulmanas de Meca e Medina vão estar a partir de hoje até 31 de agosto expostos em Lisboa, na Torre do Tombo.
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Manuscritos raros da Arábia Saudita mas também imagens antigas das cidades santas de Meca e Medina vão estar a partir de hoje às 19 horas e até 31 de agosto expostos na Torre do Tombo, em Lisboa. Nos primeiros três dias da exposição haverá também dança tradicional saudita, um canto da caligrafia árabe e ainda uma tenda onde será servido o café à moda das arábias, com o típico sabor a cardamomo.

A abertura desta "Reino da Arábia Saudita: Património e Cultura" contará com a presença do secretário-geral da Fundação Rei Abdulaziz, Fahad Abdullah Alsammari, e outros representantes vindos da Arábia Saudita, país guardião dos lugares mais santos do islão e também um grande exportador de petróleo. A exposição, que é organizado pela Fundação do Rei Abdulaziz e pela Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, tem também o objetivo de dar a conhecer a Visão 2030, nome global para o projeto de mudanças em curso no reino fundado em 1932 por Abdulaziz Ibn Saud, pai do atual rei Salman. À frente do Visão 2030 está o príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman, de apenas 32 anos, visto como o impulsionador de reformas tão importantes como a autorização desde junho para as mulheres poderem conduzir.

O Visão 2030 é uma solução para modernizar a Arábia Saudita, preparando-a para a era pós-petróleo. A entrada das mulheres no mercado de trabalho faz parte dessa estratégia, o que explica o fim da velha proibição de conduzirem, que era única no mundo e afetava muito a imagem do grande país sunita do Médio Oriente.

A relação bilateral entre Portugal e a Arábia Saudita desenvolveu-se bastante desde a abertura da nossa embaixada em Riade em 1982, com a do país árabe em Lisboa a ser inaugurada em 1995.

Mas há contactos com 500 anos entre os dois povos, sobretudo no leste do Reino. No Museu Nacional em Riade é referida a ameaça portuguesa no século XVI e o pedido de ajuda ao Império Otomano por parte das tribos sauditas. E é célebre o episódio da tentativa de desembarque de Afonso de Albuquerque em Jidá, na parte ocidental do país, que fazia parte de um plano de ataque a Meca. Faltou o vento às caravelas, explicam os historiadores.

Recentemente o príncipe Mohammed bin Salman esteve reunido com o português António Guterres, secretário-geral da ONU, para a entrega de um cheque de mil milhões de dólares da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos à organização internacional, outro esforço de melhoria da imagem de um país muito associado ao rigorismo religioso e a uma disputa eterna com o Irão, rival regional persa e xiita.

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