Manuel Gusmão 1945-2023 – um depoimento
Contra todas as evidências em contrário, a alegria - este verso de Manuel Gusmão serve-nos aqui de lema, pela radiosa afirmação da vida colhida em Espinoza ("A alegria é a passagem para um estado mais potente do próprio ser" lê-se na "Ética" deste filósofo), afirmação que abertamente dialoga com o pensamento marxista, em que Gusmão fielmente se inscreve.
A poesia de Manuel Gusmão é rigorosa e inquieta, tributária do rigor verbal de Carlos de Oliveira como da máxima potenciação do imaginário na linguagem operada por Herberto Hélder. "Uma sumptuosidade que não aceita limites estreitos para se exprimir", como definiu Joaquim Manuel Magalhães.
Grande poeta, com poemas que iluminarão sempre os nossos caminhos, ele foi também um crítico e ensaísta de primeira água, um professor que marcou gerações de jovens com o seu saber e o seu estímulo e uma voz culta e serena, sem nunca deixar de estar aliada às forças de progresso e emancipação.
Perdemos um dos maiores da nossa geração!
Diplomata, poeta e colunista do DN