Manuel Alegre diz 'não' definitivo a Sócrates

Pressionado pela direcção do PS, Manuel Alegre volta a dizer que não quer ser recandidato a deputado. A decisão é definitiva, apesar do notório bom ambiente recente entre o deputado e o secretário-geral socialista.
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Assunto arrumado. Manuel Alegre recusa em definitivo integrar nas próximas legislativas as listas de candidatos a deputados do PS. "Não foram criadas as condições para ir nas listas", disse ontem ao DN. Mas ressalvando: "Obviamente tomarei posição pelo PS e contra o PSD."

O "não" definitivo de Alegre surge na sequência de algumas notícias dando conta de pressões da direcção do PS, de que o principal interlocutor seria o líder da bancada parlamentar socialista, para recuar na decisão que anunciou em 15 de Maio passado, em Lisboa, após uma reunião com apoiantes seus. A saber: mantinha-se militante do PS (ou seja, não partiria para a formação de um novo partido) mas recusava ser recandidato a deputado nas próximas eleições legislativas.

A decisão mantém-se, afinal, a mesma. Ao que anunciou em 15 de Maio, Manuel Alegre acrescenta apenas que algures no período eleitoral sinalizará publicamente o seu voto no PS e a necessidade de derrotar o PSD. Para aceitar ser de novo candidato a deputado pelo PS, Manuel Alegre tinha um cadernos de encargos muito difícil de aceitar por Sócrates. Por exemplo, uma revisão em profundidade do novo Código Laboral ou a revogação do novo regime de avaliação dos professores.

O ex-candidato presidencial contesta, por outro lado, a escolha de António Vitorino para coordenar a elaboração do programa eleitoral que o PS apresentará nas legislativas. É uma escolha que, na sua óptica, representa mais do mesmo em termos programáticos, ou seja, nenhuma intenção de verdadeira renovação programática. Alegre acha também que Vitorino tem uma vida muito mais virada para os negócios do que para a política, o que no seu entender fragiliza a posição do PS.

Apesar de insistir na recusa de ser recandidato a deputado pelo PS, Alegre tem dado nos últimos dias sinais de sintonia com Sócrates. Concordou com o primeiro-ministro na forma como este lidou com o caso Manuel Pinho: "Do ponto de vista político e institucional, o incidente foi bem resolvido" [por José Socrates], disse Manuel Alegre, garantindo ainda que "a única solução possível era a demissão de quem fez aquele gesto". Com a recente proibição das duplas candidaturas (a deputados e presidentes de câmara), a sintonia voltou a notar-se.

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