Manual de aprendizagem de gaita-de-foles apresentado em Miranda do Douro
"Trata-se de um manual que vai permitir ensinar as gerações mais novas tocar gaita-de-foles segundo os padrões mais antigos, seguidos pelos velhos gaiteiros do Planalto Mirandês, já que se trata de um instrumentou musical que exige um certo desenvolvimento físico para ser executado", explicou à Lusa o instrumentista e coautor do manual Abílio Topa.
O manual de Abílio Topa e Daniel Pina Cabral está dividido "em seis níveis de dificuldade", o que corresponde aos seis anos de aprendizagem que os futuros gaiteiros terão de ultrapassar para concluir a sua formação.
"Todo o conteúdo é baseado na escala musical das terras de Miranda que assenta no 'si bemol menor híbrido' e que fomos ouvindo em gravações feitas por antigos gaiteiros, que faziam parte de um circuito mais comercial até aos anos 90 do século passado", explicou o investigador.
Abílio Topa considera que a partir da década de 80 começou a haver "uma contrafação musical à genuína gaita-de-foles mirandesa" e que é preciso repor originalidade recorrendo às novas gerações de gaiteiros.
"As sonoridades desta nova aprendizagem são feitas através das ponteiras das velhas gaitas-de-foles dos antigos gaiteiros do Planalto Mirandês que estão expostas no Museu de Miranda e que foram estudadas e replicadas dos seus originais", indicou o gaiteiro Abílio Topa.
Os autores do manual garantiram à Lusa que, durante uma década, estudaram partituras históricas, que depois transformaram num método de ensino com recurso a fonogramas da gaita mirandesa gravados por diversos protagonistas desde 1932 até à atualidade.
"Passamos assim a dispor do primeiro manual de aprendizagem de toque de gaita-de-foles, neste caso a mirandesa, organizado como método de ensino", afirmaram os autores.
Com este trabalho, os investigadores que deram origem ao novo manual contribuíram para enriquecer a cultura trasmontana, em particular a de Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso.
"Esperamos que a partir da edição deste manual surjam novos autores e tocadores e até novos construtores deste instrumento, e que o ensino da gaita-de-foles possa ser facilitado e enriquecido, aumentando o dinamismo cultural já tão rico deste instrumento", concluíram.