Castigo pesado. Manchester City fora das provas europeias durante dois anos
O Manchester City foi esta sexta-feira suspenso por dois anos da participação na Liga dos Campeões, por violar as regras do fair-play financeiro da UEFA. O clube inglês, onde jogam os portugueses João Cancelo e Bernardo Silva, foi ainda multado em 30 milhões de euros. O castigo foi aplicado pela Câmara Adjudicatória do Comité de Controlo Financeiro de Clubes da UEFA (CFCB) e começa a contar já na próxima temporada. Clube já anunciou que vai recorrer e assim adiar o castigo...
Em comunicado, a UEFA explica que o processo concluiu que existiram, da parte do clube inglês "quebras significativas" das leis do fair play financeiro estabelecidas pelo organismo de cúpula do futebol europeu, nomeadamente através da sobrevalorização das receitas de patrocínios entre 2012 e 2016, pelo que ficarão de fora das competições europeias para que se apurarem em 2020/21 e 2021/22, além do pagamento de uma multa de 30 milhões de euros.
A decisão, emitida nesta sexta-feira pelo CFCB, órgão presidido pelo ex- Procurador Geral da República português, José da Cunha Rodrigues, é passível de recurso para o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS).
A equipa onde atuam os portugueses Bernardo Silva e João Cancelo, comandada por Pep Guardiola, estava a ser investigada há vários meses pela UEFA. Uma notícia do The New York Times, de maio de 2019, já levantava esta possibilidade, no âmbito de várias denúncias na sequência da publicação dos arquivos divulgados por Rui Pinto através do Football Leaks pelos meios de comunicação social, que provavam o incumprimento do fair-play financeiro (regras financeiras) da UEFA por parte do clube inglês detido pela família real de Abu Dhabi.
Segundo o The New YorK Times, a UEFA tinha em seu poder e-mails e documentos internos do clube inglês que mostravam injeções de dinheiro de uma empresa de investimento dos Emirados Árabes Unidos. Além disso, o clube estava sob suspeita de ceder dados e testemunhos falsos, e escondido o valor real dos acordos de patrocínio.
Na altura, o Manchester City manifestou-se "preocupado" com a notícia publicada pelo jornal norte-americano, garantindo que tinha as contas em dia e auditadas, criticando os "indivíduos que desejam provocar danos à reputação do clube ou aos seus interesses financeiros".
Esta não foi a primeira vez que o clube esteve sob a alçada disciplinar do organismo europeu. Em 2014, o Manchester City fez um acordo com a UEFA para não sofrer sanções por causa do fair play financeiro, a troco do pagamento de 49 milhões de libras. O clube ficou ainda limitado a inscrever apenas 21 atletas na edição seguinte da Liga dos Campeões.
Os citizens reagiram à decisão da UEFA em comunicado, onde garantem que vão recorrer da decisão. "Simplificando, este é um caso iniciado pela UEFA, processado pela UEFA e julgado pela UEFA. Com esse processo prejudicial encerrado, o clube adotará um julgamento imparcial o mais rápido possível e, portanto, em primeira instância, iniciará o processo com o Tribunal Arbitral do Desporto o mais rápido possível", comunicou o clube.
"O Manchester City está dececionado, mas não surpreso com o anúncio da Câmara Adjudicatória da UEFA. O clube sempre antecipou a necessidade final de procurar um órgão e um processo independentes para considerar imparcialmente o conjunto abrangente de evidências irrefutáveis em apoio à sua posição. Em dezembro de 2018, o Investigador Chefe da UEFA previu publicamente o resultado e a sanção que ele pretendia aplicar ao Manchester City, antes mesmo de começar qualquer investigação. O subsequente processo da UEFA, imperfeito e vazado, que ele supervisionou, fez com que houvesse pouca dúvida no resultado. O clube reclamou formalmente ao órgão disciplinar da UEFA", pode ler-se no documento do clube inglês.