Make-A-Wish. 42 anos a tornar reais desejos que parecem impossíveis

Fundação trabalha junto de crianças e jovens com doenças malignas, crónicas ou degenerativas e das suas famílias para ajudar a conseguirem lidar com o dia a dia da doença.
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A Make-A-Wish comemora 42 anos com a esperança como mote. Num momento em que a pandemia e a guerra dominam as nossas vidas, a fundação quer espalhar magia e alegria. Através da campanha "Devolva a esperança através de um desejo", a Make-A-Wish quer que os portugueses partilhem mensagens de esperança também através de um desejo.

A Make-A-Wish Foundation of America nasceu em 1980, depois de uma mãe fazer tudo o que podia para cumprir o desejo do seu filho doente. Chris era um menino de sete anos com uma leucemia muito complicada, mas que tinha um único desejo para quando crescesse: ser polícia. Por querer ver o desejo do seu filho cumprido, esta mãe mobilizou a comunidade para ele poder ser agente por um dia. Teve direito a uma farda, andou de carro-patrulha, de helicóptero e sentiu a adrenalina do que é ser polícia. Morreu pouco depois após a realização do seu desejo. "A mãe viu o impacto que teve no filho, que foi algo que tanto desejou ser, e nela própria, ao realizar aquele desejo do filho, que achou que realizar desejos a crianças com patologias semelhantes à do Chris era o seu projeto de vida", explica Mariana Carreira, diretora-executiva da Make-A-Wish Portugal.

A fundação foi crescendo e já chegou a mais de 50 países, tendo realizado mais de meio milhão de desejos com a ajuda da sua estrutura de voluntários. "A cada 17 minutos, algures no mundo é realizado um desejo Make-A-Wish", diz Mariana Carreira. Está em Portugal desde 2007, estando perto de cumprir 1600 desejos, com 160 a aguardar realização.

A missão da Make-A-Wish é realizar os desejos de crianças e jovens dos 3 aos 17 anos com doenças malignas, crónicas ou degenerativas, e, segundo a diretora-executiva, poder realizar estes desejos é transformador. "É a luzinha no meio dos tratamentos, dos isolamentos, das inseguranças, é aquela esperança, é aquele impossível tornado possível que acabamos por levar às nossas crianças e jovens", explica Mariana Carreira.

O foco da fundação são as crianças e os jovens, mas acaba por impactar toda a família, que também está envolvida no processo da doença. O dia de realização do desejo conta com todo o agregado familiar, permitindo aumentar a união entre os elementos.

A instituição trabalha lado a lado com a criança ou jovem para perceber o porquê do desejo, sendo que é algo muito mais profundo do que aquilo que vai receber. A diretora conta a história de um jovem cujo desejo era ser polícia e, hoje em dia, é da GNR.

Catarina foi uma das jovens que teve o seu desejo realizado pela Make-A-Wish. Foi-lhe diagnosticado um linfoma em 2020 e pediu para ter uma guitarra elétrica de edição limitada, para poder tocar as músicas do seu cantor preferido.

O tratamento foi feito no IPO e foi através deste instituto que Ana e António, os pais de Catarina, tiveram conhecimento daquilo que a Make-A-Wish poderia fazer pela sua filha. "Depois de as coisas estarem a correr bem com o tratamento da Catarina, falaram-nos nisso e a Catarina ficou muito entusiasmada com a hipótese de ter uma coisa dessas. Sinceramente, nós durante bastante tempo não acreditámos que a Make-A-Wish fosse conseguir", conta António.

Como a guitarra era uma edição limitada, a Fender já não a iria fabricar mais, no entanto a Make-A-Wish conseguiu interceder e fazer com que fosse criada mais uma guitarra. No dia em que chegou, a chapa na parte da frente estava rachada e a fundação teve de pedir que fosse substituída. "Foi um processo moroso, mas que deu os seus frutos e que demonstra todo o empenho que a Make-A-Wish coloca no que faz", diz o pai da Catarina.

Ana explica que a preparação do desejo é um dos momentos, durante todo o processo da doença, em que é possível desviar o foco. "Dá-nos ali outro alento, parece que há uma alegria no meio do processo todo, e que já conseguimos pensar um bocadinho noutra coisa, e para a Catarina também foi muito importante. Ajudou-nos a desfocar um bocado do dia a dia dos tratamentos e do hospital."

Antes de ter o seu desejo realizado, Catarina teve aulas de guitarra com um professor voluntário para que no dia em que ela chegasse pudesse usar a sua nova guitarra. No dia da concretização do desejo, ficou combinado que o professor não ia conseguir dar a aula no sítio habitual, mas sim no estúdio onde costuma ensaiar com a sua banda. Quando chegaram ao estúdio, o professor anunciou que Catarina ia ter a aula com uma guitarra especial, aquela que ela tanto desejava. Nesse momento foi impossível as lágrimas não caírem.

Concretizar este desejo e tantos outros que parecem longe de acontecer é o objetivo da Make-A-Wish, que tudo faz para dar a estas crianças e jovens um momento de alegria que os ajude a enfrentar as dificuldades com que lidam devido às suas doenças.

sara.a.santos@dn.pt

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