"Mais rápidos, mais baixo, mais leves": os F1 dos ares de volta ao Porto
É a reinterpretação do citius, altius, fortius, que se fez lema dos Jogos Olímpicos: "Mais rápidos, mais baixo, mais leves", os aviões da "Fórmula 1 dos ares" estão de volta ao Porto. Oito anos depois, o Red Bull Air Race World Championship regressa a Portugal e aterra na Invicta, hoje e amanhã. São esperados cerca de um milhão de espectadores (no total do fim de semana), sob fortes medidas de segurança.
Não é todos os dias que se pode ver leves (mas imponentes) aviões a hélice a voarem baixinho e a alta velocidade (a rondar os 370 km/h) sobre as águas do rio Douro. Aliás, é tão raro que só aconteceu três vezes - em 2007, 2008 e 2009. Agora, dez anos após a estreia, a Red Bull Air Race retorna ao Porto (e a Vila Nova de Gaia), para testar 23 pilotos, de 15 países, no desafiante traçado composto por uma sucessão de pilares e pórticos insufláveis entre as pontes D. Luís e da Arrábida. "Estamos muito animados com o regresso da Red Bull Air Race a Portugal, que é uma das etapas preferidas do público e dos pilotos", disse o diretor-geral da competição, o austríaco Erich Wolf, ao perspetivar o evento.
A prova é a sexta das oito etapas do campeonato de 2017. No topo da classificação, a luta está ao rubro, com apenas dois pontos a separarem os quatro primeiros classificados da divisão principal, a Master Class (o líder é o estado-unidense Kirby Chambliss, ver texto à direita). Todavia, mais do que essa competição e do que a divisão secundária (a Challenger Class, criada em 2014, após o regresso do Red Bull Air Race Championship, que esteve suspenso, entre 2011 e 2013, para melhorias da organização e das condições de segurança), o que promete levar centenas de milhares de pessoas às zonas ribeirinhas de Porto e Gaia - na última edição estiveram 720 mil espectadores - é a oportunidade de ver de perto os "Fórmula 1 dos ares".
Leves, velozes e robustos
Criados para serem, ao mesmo tempo, o mais leves, velozes e robustos possível (para conseguirem suportar uma pressão até dez vezes superior à força da gravidade - 10G), os aviões a hélice da Red Bull Air Race são as máquinas de sonho de qualquer piloto de acrobacias áreas, feitos a régua e esquadro para manobras ágeis e subidas vertiginosas a alta velocidade. Desde 2014, por razões de segurança e para aumentar a competitividade do campeonato, motores (Lycoming Thunderbolt AEIO-540-EXP) e hélices (de três pás Hartzell 7690) passaram a ser iguais para todas as equipas.
Na categoria principal, todos competem com aviões Edge 540 (nas suas versões V2 e V3) - exceto o francês Mikael Brageot (MXS-R). Na secundária, todos voam com o Extra 330LX. O Edge 540, produzido pela Zivko Aeronautics, tornou-se popular graças a Kirby Chambliss, um dos veteranos da competição (participante desde o ano de estreia, 2003): com um chassis em aço otimizado em computador, a aeronave "junta precisão, controlo e agressividade, é extremamente leve, durável e fácil de manter, oferece uma maior tolerância às forças G e as suas formas foram melhoradas em termos aerodinâmicos para reduzir o atrito" (descreve o site do Red Bull Air Race Championship). Em suma, é uma escolha vencedora: desde 2004, só o campeão de 2014, o britânico Nigel Lamb (MXS-R), não voava com este modelo.
Os vencedores das edições anteriores no Porto - o britânico Steve Jones, em 2007; o austríaco Hannes Arch, em 2008; e o britânico Paul Bonhomme, em 2009 - também triunfaram com o Edge 540 e lançaram--se para altos voos. O primeiro é agora o diretor de corrida dos eventos Red Bull. E os outros dois sagraram-se campeões no mesmo ano em que triunfaram em Portugal.
Candidatos e plano de segurança
Na Master Class ainda resistem sete pilotos desses tempos: o alemão Matthias Dolderer (atual campeão mundial), o australiano Matt Hall, o canadiano Pete McLeod, o francês Nicolas Ivanoff, o japonês Yoshihide Muroya e os americanos Kirby Chambliss e Michael Goulian. Entre eles, apenas Hall (3.º em 2009) e Chambliss (2.º em 2008) já subiram ao pódio em Portugal.
No entanto, entre os 14 pilotos da categoria principal, pode esperar-se uma competição animada, num evento com estrada livre (exceto para os lugares sentados das zonas VIP) e transmissões em direto nos canais SIC e no site da competição. Hoje, há treinos livres (de manhã) e qualificações (à tarde); amanhã decorre a competição pura e dura, com a Challenger Cup e as três rondas da Master Class.
Na soma dos dois dias, a organização espera igualar o recorde de assistência fixado em 2008 (um milhão de pessoas). Isso obriga a um claro reforço de segurança, principalmente nas zonas ribeirinhas do Porto e de Vila Nova de Gaia. O número total de meios humanos mobilizados para o evento não foi revelado (GNR e PSP não divulgaram tais dados) mas estarão no terreno 421 operacionais da Proteção Civil e 68 (mais 22 viaturas) do INEM.