Mais outra "vergonha" perante a grande Itália
Mais uma "vergonha" - utilizando as palavras de Scolari - passou ontem a Selecção Nacional no Letzigrund, em Basileia, na Suíça, perdendo por 3-1 com uma bela Itália que, diga-se já, fez um grande jogo, ao nível do título de campeã do mundo que ostenta, ou mesmo melhor. Só isso, só perceber que a Itália esteve no seu nível máximo, faz com que haja algumas atenuantes.
Mas para a Itália jogar tão bem foi preciso Portugal jogar? muito mal. Estes jogos valem sempre pelas primeiras partes e aí ainda nos aguentamos alguma coisa no balanço. Mas o 4x3x3 de Portugal teve desde início várias falhas, mesmo quando a equipa conseguia ter a bola (e nessa altura conseguiu), e não se pode sofrer um golo nos descontos antes do intervalo - com culpas para vários, incluindo Ricardo. Mas já até aí a Itália fora melhor, até porque a equipa de Scolari teve um Ronaldo em dia difícil, à procura dos espaços ingleses que nunca há com a Itália, que joga como um bloco e em velocidade de bola a correr, que é bem diferente de correr com a bola. Makukula foi titular, mas estes jogos exigem outro ponta-de-lança, que segure a bola, apesar do esforço do novo benfiquista.
A diferença esteve, sobretudo, no conjunto, na forma como os italianos fazem tudo com um objectivo. Já se sabe que as equipas de Scolari nunca têm um futebol ligado, que é tudo mais criatividade individual. E a segunda parte italiana foi absolutamente fantástica. - aos 5' já tinha duas flagrantes oportunidades e um golo, de Pirlo, com a bola a desviar em Cannavaro (e Ricardo a ficar isento por aí, mesmo que a bola não tenha desviado tanto assim).
Scolari tinha trocado três jogadores ao intervalo (entraram Paulo Ferreira, Meira e Nani, saíram Caneira, Petit e Deco) e a coisa ficou mesmo preta, porque Fernando Meira nunca conseguiu perceber de onde vinha o vento e andava sempre atrás da bola, sem saber a quem marcar. Ricardo Carvalho também nunca se entendeu com a marcação a Di Natale, Bosingwa perdeu-se muitas vezes e o meio-campo nunca ajudou a fazer bloco. Os primeiros 20 minutos da segunda parte foram de um afundanço total na chuva que a certa altura caiu com força no Letzigrund.
Quaresma ainda reduziu num cruzamento de Nani a que Hugo Almeida não chegou, mas logo a seguir Quagliarella fez o terceiro e ficou sempre a sensação, em toda a segunda parte, que a Itália faria o quarto se fosse preciso. Uma diferença demasiado grande que levará Scolari a repensar, se calhar, algumas das suas escolhas para o Euro 2008 na defesa e no meio-campo.|