MAIS DO QUE UMA IGREJA, UM SÍMBOLO
É uma igreja diferente. Fundada em Maio de 2007, a Igreja Cristã de Haidan fica no quarteirão Zhongguancun, o Silicon Valley chinês. A escolha do local não foi inocente: em véspera de Jogos Olímpicos não só era necessário mostrar tolerância religiosa, como garantir que esta seria visível aos olhos dos milhares de estrangeiros que passariam pelo país. Visitei-a num domingo de Agosto, ao serviço do DN, e assisti a uma das várias eucaristias que o templo acolhe todos os domingos. Com 1500 lugares sentados, divididos por dois pisos, a igreja estava lotada por pessoas de todas as idades. E, à minha excepção, todas de origem asiática. As celebrações acontecem no piso superior, com transmissão directa para o andar de baixo, onde uma tela e vários plasmas levam a mensagem .
Denunciado pelo rosto ocidental, assim que entrei foi-me entregue um rádio e uns auscultadores para que pudesse acompanhar a missa em língua inglesa. A tradução é feita em simultâneo por uma jovem voluntária, dos mais de 5000 que ali prestam serviço. Lembro-me de ver muita gente a cantar de olhos fechados, a apertar a Bíblia contra o peito, ver vários fiéis a mandar mensagens pelo telemóvel e a tirarem fotografias. Um ambiente descontraído, informal. mas enganador quanto à realidade que ainda se vive na China.
É verdade que muito mudou desde que, no séc. XVI, os primeiros católicos chegaram à China. No entanto, a alínea da declaração de 1997 - "Na China ninguém é punido por questões de fé" - ainda vai pouco além da intenção escrita.