O sismo que esta noite abalou o centro de Itália teve origem numa falha de orientação noroeste - sudeste nos Apeninos, do mesmo sistema que causou o terramoto em Áquila, que fez mais de 300 mortos em 2009. Aliás, os paralelos entre os dois sismos são vários: Áquila fica a 50 km das localidades afetadas esta noite; o sismo foi registado às 3.36, apenas alguns minutos de diferença em relação a 2009; e tal como há sete anos o foco do sismo foi superficial, 10 km de profundidade segundo o Serviço Geológico dos EUA..Desde o sismo de 6,2 já se registaram quase uma centena de pequenas réplicas, a maior das quais com uma magnitude de 5,5 - cerca de uma hora depois. Aliás, sete tiveram uma intensidade superior a 4..Segundo o sismólogo Andrea Tertulliani, citado pelo La Reppublica, as semelhanças com o terramoto de 2009 em Áquila estendem-se à área em que aconteceu: o sistema de falhas que existe na cordilheira dos Apeninos, que atravessa o país. "A faixa apenina que atravessa a Umbria, Marcas e Abruzos tem uma sismicidade frequente e muitas vezes muito forte"..[youtube:DodYeiWEv9U].Prova disso é que estas mesmas localidades, Amatrice e Accumoli, foram arrasadas por um sismo em 1639 e que no início do século seguinte, em 1703, houve uma atividade muito intensa, que envolveu uma extensa área em Norcia - o ano do chamado Grande Terramoto de Áquila..O território italiano é afetado pela convergência entre a placa africana e a placa euro-asiática. A zona de fronteira entre as duas placas tem inúmeras falhas, formando um sistema que pode ser traçado desde os Açores até aos Himalaias. A colisão, que começou há milhões de anos, originou a formação de cadeias montanhosas como os Alpes, por exemplo, e esse movimento provoca também a acumulação de tensão nas inúmeras falhas - quando a rocha não suporta mais tensão há roturas e sismos..Em Itália existe uma complexidade local, com uma geometria bastante complicada, que faz com que a atividade sísmica seja mais intensa. Na área do terramoto, a placa euro-asiática move-se para o nordeste, em relação à africana, a um ritmo de aproximadamente 24 mm por ano, segundo o Serviço Geológico dos EUA...Em sismos como o desta noite, a destruição é grande porque a rotura teve início a 10 quilómetros de profundidade, ou seja, o foco foi muito superficial, o que significa que o abalo é maior. Por outro lado, ocorrer durante a noite é sempre um fator agravante, porque aumenta a probabilidade de causar vítimas.