Fogo que começou em Castro Marim foi dominado

Combate ao incêndio mobiliza cerca de 600 bombeiros, tendo sido retiradas pessoas de 12 localidades desde que o fogo começou, na segunda-feira. As chamas já consumiram pelo menos nove mil hectares.
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O incêndio rural que deflagrou na segunda-feira em Castro Marim, e que lavra em mais dois municípios do Algarve, foi dominado às 16:02, disse à agência Lusa fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro de Faro.

"Agora, durante o resto do dia vão prosseguir os trabalhos de consolidação de rescaldo", explicou a mesma fonte, ressalvando que o risco de o incêndio voltar a constituir perigo é neste momento "diminuto".

Este incêndio deflagrou na madrugada de segunda-feira na freguesia de Odeleite, no concelho de Castro Marim, mas estendeu-se para os municípios vizinhos de Vila Real de Santo António e de Tavira, obrigando a retirar de habitações cerca de 80 pessoas.

Pelas 16:20 o fogo mobilizava 534 operacionais, segundo a página da Proteção Civil nacional.

O incêndio chegou a atingir um "perímetro de 43 quilómetros", num "quadro meteorologico desafiante". As chamas já consumiram cerca de nove mil hectares, mas o potencial deste incêndio "é de 20 mil hectares", estima o comandante operacional distrital de Faro da Proteção Civil, Richard Marques. "Um incêndio que teve uma taxa de expansão de 650 hectares por hora".

O comandante referiu que, apesar das difíceis condições meteorológicas, foi possível durante a noite "executar o plano estratégico de ação" e que na manhã desta terça-feira foi consolidado o grande objetivo de "sustentar a capacidade de travar" a progressão das chamas.

Na atualização feita esta manhã foi referido que apenas uma oficina foi consumida pelas chamas, mas "poderá haver danos", admitiu, porém, o comandante operacional distrital de Faro da Proteção Civil, Richard Marques. Será feito posteriormente um levantamento dos danos provocados pelas chamas.

Na conferência de imprensa foi referido também que um bombeiro teve ferimentos ligeiros no combate a este incêndio.

A GNR informou que já se circula na A22 nos dois sentidos. Recorde-se que a Via do Infante esteve cortada ao trânsito devido ao incêndio que lavra desde segunda-feira.

Devido a este fogo, que atinge três concelhos, Tavira, Vila Real de Santo António e Castro Marim, 80 cães e 110 gatos tiveram de ser resgatos de canis/gatis.

Nove aeronaves militares estão a apoiar o combate ao incêndio que deflagrou em Castro Marim, além de dois destacamentos de engenharia e duas máquinas de rasto do Exército, anunciou esta terça-feira o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA).

Em comunicado enviado às redações, o EMGFA refere que se encontram "a operar, a partir da Base Aérea N.º 11 (BA11), da Força Aérea, em Beja, nove aeronaves em apoio ao combate ao incêndio na localidade de Castro Marim, no Algarve".

"Destas aeronaves fazem parte dois 'Fire Boss' do Centro de Meios Aéreos (CMA) constituído na BA11, dois 'Canadair' do CMA de Castelo Branco e quatro 'Fireboss' dos CMA de Ponte de Sor e de Viseu, que foram movimentados para a base, assim como um helicóptero "Koala" da Força Aérea, que efetua a coordenação dos meios", elenca o EMGFA.

A nota indica que, "no apoio ao combate a este incêndio, o Exército tem, igualmente, empenhados dois destacamentos de engenharia, com duas máquinas de rasto, que apoiam no combate indireto ao incêndio, na proteção das populações e no rescaldo".

O EMGFA salienta ainda que "a Marinha, o Exército e a Força Aérea prosseguem o reforço ao dispositivo nacional de vigilância e deteção de incêndios rurais, em apoio à ANEPC, à Guarda Nacional Republicana e ao Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, nomeadamente, à data de hoje, com 38 equipas, num total de 76 militares, a efetuar patrulhas terrestres (10 equipas da Marinha e 28 equipas do Exército) em vários pontos de Portugal Continental".

Neste âmbito, encontram-se também a operar "a partir da Lousã e Beja" dois veículos aéreos não tripulados da Força Aérea, e dois 'drones' do Exército em Portalegre, "no apoio das patrulhas terrestres".

"Em termos de aeronaves tripuladas, um P-3C encontra-se a fazer vigilância aérea entre Macedo de Cavaleiros e Beja, encontrando-se, igualmente, em prontidão, um helicóptero de asa rotativa, na Lousã", acrescenta o EMGFA.

Um café de um complexo turístico em Vila Nova de Cacela foi destruído pelo fogo que deflagrou na segunda-feira em Castro Marim, no Algarve, disse esta terça-feira à Lusa o diretor-geral do Monte Rei & Country Club.

"Felizmente não afetou o aldeamento onde temos a nossa operação turística. Passou ao lado da 'club house', que está no centro da propriedade e, grosso modo, apesar do aparato, das chamas e do pequeno mato que queimou, foi um grande susto, mas em termos de danos tivemos apenas um edifício, o do café junto ao campo de práticas de golfe, que ardeu completamente", disse Salvador Lucena.

O campo de golfe foi encerrado, mas o responsável disse que conta que esteja apto no fim de semana, acrescentando que restaurantes, a zona de lazer e o resort, bem como os serviços, estão a funcionar normalmente. "De resto, há algumas árvores mortas, que é sempre um aspeto triste", sublinhou.

"Pensámos que o fogo estava a passar ao lado, mas houve uma frente que se desenvolveu na nossa direção ao final da tarde [de segunda-feira] e, com ventos fortes, rapidamente entrou pela propriedade, afetando algumas zonas do campo de golfe e continuando para sul. Basicamente, atravessou de norte a sul", disse Salvador Lucena.

O diretor-geral do empreendimento situado no lugar do Pocinho, no concelho de Vila Real de Santo António, referiu que no momento em que o complexo foi atingido pelas chamas havia cerca de 70 hóspedes.

"As autoridades presentes aconselharam a que saíssem. Houve pessoas que saíram, outras optaram por ficar, apesar de tudo. Houve alguns que anteciparam o final das suas férias e alguns já estão de regresso e estamos a trabalhar normalmente", afirmou Salvador Lucena, sublinhando que os bombeiros estiveram presentes no local durante toda a noite.

Presente na conferência, a presidente da Câmara de Tavira, Ana Paula Martins, afirmou ter testemunhado "algumas habitações pelo menos parcialmente afetadas" e destacou que a zona da mata da Santa Rita "foi muito afetada", tendo o fogo destruído a zona de lazer.

O presidente da Câmara de Castro Marim, Francisco Amaral, relatou a "tristeza" de muitos habitantes que viram reduzidos a zero o seu rendimento, já que ficaram com as suas culturas e pomares "totalmente destruídos".

O autarca realçou que alguns populares tiveram de combater as chamas que ameaçavam as suas habitações "pelas suas próprias mãos", devido à ausência de bombeiros.

o presidente de Câmara de Vila Real de Santo António, anunciou que o incêndio provocou "bastantes estragos" na freguesia de Vila Nova de Cacela e enalteceu a "ação cívica" das populações na retirada dos animais do canil, que foi feita com "prudência e sucesso".

A informação foi divulgada pelo Copernicus, que é coordenado e gerido pela Comissão Europeia e executado em parceria com os Estados-membros da União Europeia (UE), a Agência Espacial Europeia, a Organização Europeia para a Exploração de Satélites Meteorológicos, o Centro Europeu para as Previsões Meteorológicas a Médio Prazo e outras agências europeias.

Dados divulgados esta manhã pelo Copernicus, através da sua página na rede social Twitter, dão então conta desta "nova ativação" do programa em Castro Marim.

"Durante aquele que promete ser um verão recorde em termos de número de ativação da cartografia de emergência, fomos agora encarregados de monitorizar um incêndio no distrito de Faro, na região do Algarve", anunciou o programa naquela plataforma.

Ao início da noite de segunda-feira, o fogo já tinha entrado nos concelhos de Tavira e Vila Real de Santo António, sendo a prioridade dos bombeiros travar a expansão a sul, onde existe mais população, disse, antes da meia-noite, o comandante das operações.

O incêndio deflagrou à 01:05 de segunda-feira e chegou a ser dado como dominado pelas 10:20, mas o "quadro meteorológico severo", com altas temperaturas e vento, estiveram na origem de uma "reativação muito forte, em pleno período crítico do dia, junto à cabeça/flanco direito do incêndio original, e este ficou rapidamente fora da capacidade de extinção", explicou o comandante operacional regional de Faro, Richard Marques.

O fogo obrigou a cortar durant algumas horas a A22 entre os nós de Castro Marim e Altura, assim como a Estrada Nacional 125, entre Conceição de Tavira e Vila Nova de Cacela.

Notícia atualizada às 19:30

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