"Na temporada 2013 a 2014 nós protegíamos 15 quilómetros de praia, foram capturadas 337 tartarugas a nível de todo o país, na temporada passada começámos a proteger 23 quilómetros de praias e só houve 69 capturas em todo o país", disse Domingas Monteiro responsável da ONG Tatú, congratulando-se com a diminuição das capturas..Essa ONG lançou na quinta-feira uma campanha, desta vez junto dos taxistas, a sensibilizá-los para não transportarem tartarugas ou carne de tartarugas capturadas pelos pescadores..Autocolantes com dizeres: "não carrego, eu respeito a lei" estão a ser colados por esta ONG em diversos táxis, particularmente aqueles que fazem logo curso, uma vez que a maior captura das tartarugas se verifica em praias distantes, sendo depois abatidas e a carne transportada para a capital, onde é comercializada a um preço não inferior a dois euros o quilo.."Existe o decreto-lei 8/2014 que proíbe a captura, comercialização dessa espécie", lembrou Domingas Monteiro..Mas porque essa lei ainda é ignorada pela maioria dos pescadores artesanais, a responsável considera que "nunca é demais repisar, a falar sobre a importância da não captura das tartarugas"..Três dias depois de lançar esta campanha, a responsável da Tatô considera que o seu efeito está a resultar.."Estamos a notar, através dos nossos ativistas no terreno, uma certa flexibilização, compreensão, eu diria mesmo medo por parte dos taxistas que se recusam doravante transportar tartarugas e a carne para os mercados", disse Domingas Monteiro.."Temos alertado os condutores de táxis e mesmo particulares para colaborarem nesta campanha e não carregarem mais tartarugas porque isso pode causar dano à natureza", disse, por seu lado Plácido Paulo, vice-presidente da Associação dos taxistas..Em abril deste ano, a mesma ONG havia feito campanhas em várias escolas do país onde ensinaram as crianças a convencerem os seus pais e encarregados de educação que "a tartaruga não é peixe".."Estamos a explicar às crianças e aos jovens que a tartaruga não é peixe, ela é da família dos répteis, logo não deve ser consumida", disse a responsável..São Tomé e Príncipe tem mais de três ONG que trabalham na preservação das espécies, mas as mais visíveis são a Tatô, Marapa e a Fundação Príncipe Trust, da ilha do Príncipe..Na ilha do Príncipe "toda a população sabe que não se pode abater, não se pode capturar nem comer a carne da tartaruga. Quem for denunciado assumirá as suas consequências", disse a Lusa fonte do Governo Regional..An Dollem, da Fundação Príncipe Trust disse a Lusa que as tartarugas Sada (Tartaruga-de-bico), Ambulância (Tartaruga-de-couro) e a Tartaruga verde ou Mão Branca estão todas classificadas na lista vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) como criticamente ameaçada..Existem sete espécies de tartarugas marinhas no mundo, nomeadamente a Cabeça Grande, Ambulância, a Tatu, Sada e a Mão Branca e cinco delas reproduzem-se em São Tomé e Príncipe. .Há dois anos, em entrevista a Lusa, a bióloga marinha portuguesa Sara Vieira já havia alertado que a tartaruga Sada poderia desaparecer em menos de cinco anos em São Tomé, correndo também outras quatro espécies "um sério risco de extinção"..São Tome e Príncipe era até 2014 um dos únicos países do mundo sem uma lei de proteção de tartarugas marinhas.