Mais de 20 mil à espera de Björk no Sudoeste
Limpavam-se tendas e preparavam--se refeições. Os estendais eram naturalmente improvisados, mas a eficácia estava garantida. E enquanto uns cumpriam tarefas domésticas, outros iam a banhos, nos chuveiros ou no canal. Com mais de 20 mil já acampados, o Sudoeste TMN era ontem um festival feito no parque de campismo, antes do arranque dos concertos (com Björk como nome mais aguardado) no palco principal e depois de uma primeira noite de recepção ao campista.
Com dois sacos e uma tenda, Sérgio arriscava perguntar: "Onde posso encontrar um espaço livre?" Este, de Amarante, o festivaleiro vizinho vindo de Lisboa. E duas tendas à frente, um casal de apelido House, popular e britânico. Na Herdade da Casa Branca, o maior festival de Verão é multinacional. Ibérico, acima de tudo (as informações de ontem asseguravam que 10% dos bilhetes teriam sido comprados por espanhóis), que castelhano era língua frequente entre bares e tendas. Mas com curiosos de outras paragens: "Praia e cerveja", justificava a House de primeiro nome Lindsey, revelando um esforçado sotaque português.
Seguranças e bombeiros patrulham as ruelas entre as tendas. Há por ali grupos algarvios (a zona é o faroeste, dizem) e gente da Marinha Grande. Casais enamorados e mais novos que procuram encontrar o mais popular ritual de passagem do Verão português. Alguns queixam-se das "autoridades", responsáveis por "operações stop e apreensões de haxixe". Dizem que "este é o ambiente de um festival". Sudoeste quer-se, por ali, sinónimo de "liberdade", para tudo o que "não é muito habitual no dia-a-dia". É José quem o afirma. Tem o apelido, Santos, gravado nos chinelos, que tenta não perder enquanto reorganiza a tenda, uma das vítimas da tarde ventosa que ontem ameaçava levantar nuvens de pó - não fosse este o Sudoeste. Sabemos que estamos por perto quando, a quilómetros de distância, encontramos automóveis camuflados pelos efeitos do litoral alentejano.
O final de tarde de ontem foi alvorada para os noctívagos que, na madrugada anterior, tinham acompanhado Bob Sinclair entre ritmos dançantes. Bares, zona de restauração e até um escorrega insuflável gigante garantiam: entre os campistas estavam as grandes atracções antes dos concertos - os campistas têm mesmo à sua disposição um barbeiro profissional. O recinto do festival era ainda espaço tímido ao final da tarde. Os mais decididos guardavam já lugar frente ao palco principal. Telemóvel, preparado para guardar a imagem de Björk, no bolso e pouco mais. No palco Planeta Sudoeste escutam-se notas de soundcheck ao cair do sol, como se aquela fosse a banda sonora perfeita. Primeiros concertos anunciavam Coldfinger e Nairuts. Aguardava-se pela hora marcada.