Mais de 2 mil consultas para deixar de fumar em seis meses
Nos primeiros seis meses deste ano, os centros de saúde da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) realizaram 2624 consultas de cessação tabágica, das quais 35% (942) foram primeiras consultas. O balanço é feito a propósito do Dia Europeu do Ex-Fumador, que se assinala esta terça-feira.
Através de comunicado, a ARLVT adianta que o número de consultas para quem quer deixar de fumar tem aumentado nos últimos anos. "Em 2016 tinham sido contabilizadas 4738 consultas, o que corresponde a um aumento de cerca de 12% relativamente a 2015, que terminou com 4226 consultas. De 2015 para 2016 o número de primeiras consultas também subiu quase 9%, de 1254 para 1365", refere a nota, onde se acrescenta que desde 2016 todos os agrupamentos de centros de saúde (ACES) têm este tipo de consulta quando no ano anterior eram apenas 24.
Segundo a ARSLVT, em Portugal morrem todos os anos mais de 11 mil pessoas por doenças provocadas ou agravadas pelo consumo de tabaco, das quais mais de 800 por doenças decorrentes da exposição ao fumo ambiental. "As pessoas fumadoras têm um risco de adoecer e morrer por doenças graves e incapacitantes 2 a 3 vezes superior ao das pessoas que nunca fumaram, perdendo em média 10 anos de expectativa potencial de vida. Das mais de 7000 substâncias presentes no fumo do tabaco, 70 podem provocar cancro."
Os responsáveis alertam para o facto de a nicotina ser responsável por desencadear dependência e de os jovens serem "o grupo mais vulnerável aos efeitos cerebrais da nicotina, e à possibilidade de ficarem dependentes, devido, entre outros fatores, à imaturidade do seu córtex pré-frontal". Razão pelo qual os centros de saúde desenvolveram ações de prevenção que chegaram a 47 106 pessoas, na sua maioria jovens em idade escolar.
Ontem a Sociedade de Medicina Interna (SPMI) defendeu que as mensagens contra o consumo de tabaco devem ter em conta as diferenças entre homens e mulheres para aumentar a sua eficácia. Segundo o IV Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoativas da População Geral 2016/2017, promovido pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), o consumo de tabaco apresenta uma subida de prevalência ao longo da vida, que "se deve sobretudo ao aumento do consumo entre as mulheres".
Segundo o último relatório do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, apresentado na semana passada, houve um aumento significativo da mortalidade por cancro do pulmão no sexo feminino neste último ano. "É de facto um aumento marcante, que já tínhamos antecipado, e já estávamos à espera pela diminuição da assimetria de género no consumo de tabaco", sublinhou Nuno Miranda, diretor do programa.
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A Lei do Tabaco foi alterada, pela segunda vez desde que foi criada em 2007, e as novas regras entram em vigor no início do próximo ano. Entre as quais estão a equiparação dos novos produtos, como o tabaco aquecido, aos cigarros tradicionais, sendo proibido o consumo em espaços fechados. Passa também a ser proibido fumar em todos os locais destinados a menores de 18 anos. Caiu a intenção do Governo de ser proibido fumar num raio de cinco metros de distância de hospitais, escolas e órgãos de soberania.
2,7 milhões de euros em multas
Tal como o DN noticiou ontem, os processos por incumprimento da Lei do Tabaco renderam ao Estado cerca de 2,7 milhões de euros em coimas desde o início de 2016 e até ao passado dia 31 de agosto. Nos primeiros oito meses deste ano, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) já tinha aplicado multas no valor de 909 mil euros.
As infrações (956 detetadas em 2016 e 495 em 2017, pelas diversas autoridades com intervenção nesta matéria) dizem respeito, na maior parte, a falta de sinalização no interior de comércio e empresas, violação das regras de criação de espaços para fumadores, venda de produtos do tabaco, de produtos à base de plantas para fumar e de cigarros eletrónicos. A ASAE também encontrou pessoas a fumar fora das áreas ao ar livre ou das áreas para fumadores reservadas.