Maiores 'sites' P2P encerrados

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Apesar das acções legais, vários serviços mantêm o funcionamento normal

Cerca de duas semanas após o encerramento pelas autoridades de três dos maiores sites nacionais de partilha de ficheiros, vários outros sites auto-suspenderam a sua actividade. Foi o caso do Mula da Cooperativa, do Last Revolution, que desapareceu com a mensagem "OFFLINE - For Security Reasons", ou o Latrix Team, "encerrado por tempo indeterminado".

Alvo de duas queixas-crime da Associação Fonográfica Portugue- sa (AFP) e da Federação dos Edi- tores de Vídeo (FEVIP), o Btuga, Zetuga e Zemula foram fechados a 24 de Julho pela Polícia Judiciária e pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica. De locais em Lisboa, Leiria e Ovar foi apreendido diverso material informático.

Os serviços desactivados eram três dos maiores sites de partilha de ficheiros - filmes, jogos e música. O primeiro era considerado muito rápido na velocidade de transferência de ficheiros e na actualização de novidades. Era o único cujo servidor estava em território nacional, estando os outros dois numa empresa dos Estados Unidos. Estes sites, conhecidos por "trackers" ou por P2P (de "peer to peer"), não albergam normalmente os ficheiros, divulgando apenas ligações para os computadores onde esses ficheiros estão alojados.

Os sites bloqueados, e porque o tráfego de acesso era nacional (normalmente mais rápido e menos dispendioso), eram bastante requisitados, com cerca de 200 mil utilizadores - embora uma mesma pessoa pudesse aceder a todos. O Btuga contava 134.500 registos e 110 mil visitas diárias, 99,5 por cento a partir de Portugal, segundo a Alexa, empresa de análise de tráfego na Web.

As alternativas actuais passam por sites internacionais, o que fará aumentar a despesa no acesso à Internet quando o limite de downloads for ultrapassado. Essa é a opinião de Miguel Caetano, autor do blogue Remixtures (remixtures.com) que acompanhou atentamente todo o processo. "A médio prazo creio que se irá registar uma adesão a trackers e sites internacionais", explica, e "creio que alguns utilizadores também optem por migrar para darknets, pequenas redes privadas entre 'amigos', que asseguram uma completa privacidade e segurança por estarem encriptadas. Mas tendo em conta o tipo de utilizadores do BTuga e outros trackers nacionais,apenas alguns deverão tomar esse caminho. Miguel Caetano lembra que "muitos querem apenas uma solução acessível e imediata para sacarem séries e filmes. Daí que o mais provável seja a fuga para outras paragens nacionais".

Essas "paragens" continuam disponíveis em sites como o WarezTuga, o ShareTuga ou o #Invites. Se necessário, podem albergar-se num computador "que se encontra fora do alcance da PJ ou de outra qualquer entidade responsável". O site O Verdadeiro afixa o aviso de que "não hospeda nenhuns ficheiros. Apenas contém links de modo a facilitar a procura de ficheiros na rede eDonkey". Também "parece que se registou uma invasão em massa do Donkey's Heaven, um indexador de ligações da rede e Donkey/eMule, rapidamente travada pelos administradores que fecharam o registo a novos utilizadores", explica Caetano. Há uma semana, o site estava suspenso para actualização de software.

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