Mafia da noite de Lisboa suspeita de crimes altamente violentos
Lisboa. Um dos detidos já está a ser julgado no processo da 'Operação Polvo'
PSP fez 24 buscas, incluindo quatro bares, e deteve seis pessoas
Pedro França Alemão, um dos protagonistas da "Operação Polvo" - processo em julgamento na Boa-Hora, que envolve vários crimes violentos (extorsão, lenocínio, tráfico) em bares da noite de Lisboa - foi um dos detidos pela PSP na madrugada de ontem. O mediático França Alemão, ex-namorado de Catarina Tallon, esteve durante todo o dia a ser ouvido no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP), juntamente com os outros detidos, três homens e duas mulheres.
Esta operação, designada "Pontas Soltas" - executada pela PSP, com 130 agentes e coordenação da Unidade de Combate ao Crime Especialmente Violento do DIAP -, foi uma espécie de "Polvo 2" não existindo, todavia, casos de extorsão investigados como no processo de 2007. Segundo a PSP, esta investigação incidiu sobre um grupo supeito da prática dos crimes de associação criminosa, lenocínio e tráfico de estupefacientes, relacionados com a actividade de diversão nocturna da cidade de Lisboa.
Este tipo de crimes fazem também parte do processo da operação "Polvo" que teve como principal suspeito um ex-agente da PSP, Alfredo Morais, amigo de Pedro Alemão, seu braço direito. Duas das 'boites' que foram alvo de buscas na passada madrugada - Gallery e Elefante Branco - foram também palco dos crimes do caso de há dois anos.
As testemunhas, ligadas aos estabelecimentos, denunciaram o grupo liderado por Morais alegando que este os aterrorizava, impondo-lhes prostitutas que controlava e lhes extorquia dinheiro em troca de segurança. Várias escutas efectuadas revelaram proximidades entre os suspeitos e elementos de forças de segurança (PSP e GNR), o que não chegou a ser provado. Já em fase de julgamento, que ainda decorre, três das testemunhas contra Morais negaram o que tinham declarado em fase de inquérito. A juíza perguntou se havia "medo", mas ficou sem resposta. O recuo das testemunhas deu origem à abertura de três processos-crime por falsas declarações. Quer a juíza, quer o procurador, quer as testemunhas de acusação estão todas sob protecção do Corpo de Segurança Pessoal da PSP.
Na operação de ontem a polícia fez 24 buscas na Grande Lisboa (incluindo em Odivelas e Mem Martins). Apreendeu uma pistola de calibre 9 milímetros com silenciador, 1283 doses de cocaína, 10 doses de haxixe, 5.280 euros e cinco automóveis.
A operação policial, que decorreu entre as 21.00 e as 04.00, envolveu também a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. À hora do fecho desta edição os seis detidos continuavam no DIAP.