Madrid tornou-se ontem uma cidade caótica, com mais de dois milhões de pessoas impedidas de utilizar o metropolitano, meio de transporte que habitualmente usam nas deslocações de casa para o trabalho. A greve do serviço público de metro, convocada como protesto contra as medidas de austeridade decretadas pelo Governo socialista de José Luis Rodríguez Zapatero, provocou uma corrida inédita aos táxis e causou o total congestionamento das linhas de autocarros. A meio da tarde, as autoridades madrilenas decidiram abrir a linha 8, que liga o aeroporto de Barajas à capital, onde há milhares de turistas. Dezenas de efectivos policiais da brigada antidistúrbios foram mobilizados para impedir os piquetes de greve de boicotar a circulação das carruagens. Mas a decisão ficou sem efeito: nenhum condutor do metro se prestou a furar a greve..Esta paralisação ocorre numa altura em que as duas centrais sindicais espanholas - a UGT, conotada com os socialistas, e as Comissões Operárias, ligadas aos comunistas - estudam acções conjuntas de protesto que poderão culminar numa greve geral. .Zapatero anunciou a 12 de Maio severas medidas para estancar o défice público espanhol, sob pressão do Banco Central Europeu. Essas medidas incluem a redução em 5% dos vencimentos dos funcionários públicos, o congelamento das pensões de reforma em 2011 e a redução do investimento público em cerca de seis mil milhões de euros.