O acordo firmado entre a Modelo Continente e a Maconde para a aquisição de uma dúzia de lojas geridas pelo grupo têxtil de Vila do Conde sob as insígnias Macmoda, Tribo e Zona Franca está ainda dependente de autorização da Autoridade da Concorrência. O dossier foi remetido para o organismo tutelado por Abel Mateus, mesmo tratando-se, como sublinha a holding do grupo de Belmiro de Azevedo, de uma "operação pequena à luz dos referenciais da Modelo Continente"..Recusando-se a prestar mais pormenores, a sociedade do universo Sonae refere apenas que o negócio se insere "na estratégia global definida pela empresa para o mercado português". Da parte da Maconde, o silêncio foi total. Apesar das diversas tentativas, não foi possível obter qualquer comentário ao negócio que está a ser preparado. No entanto, fontes do mercado na área têxtil afirmaram ao DN que a empresa de Vila do Conde "estava a precisar de desinvestir" no retalho. "A Tribo ia fechar. O negócio não estava a ser lucrativo e é natural que os administradores da empresa tenham encarado a proposta da Modelo Continente como a solução mais airosa para saírem das dificuldades em que se encontravam", referiu ao DN um conhecedor do meio. .Recorde-se que a Maconde passou por vários períodos conturbados (ver cronologia) e que há sensivelmente um ano atrás, com as vendas e os resultados em queda livre, foi 'chamado' a assumir a presidência do grupo Mário Pais de Sousa - o engenheiro que tornou a Vulcano líder mundial de esquentadores. Chegou a ser então "baptizado" de "o bombeiro da Maconde". E é por precisamente por vir de fora - directamente da Vista Alegre Atlantis, de uma experiência mal sucedida, diga-se - que a referida fonte contactada pelo DN admite que lhe tenha sido mais fácil avançar para o negócio com a Modelo Continente. "Quem vem de fora consegue sempre fazer uma análise mais desapaixonada dos negócios e tomar decisões de forma mais racional. Mas, claro, este negócio parece um retrocesso óbvio na estratégia de private label da Maconde. Mesmo que o acordo firmado tenha deixado alguma cláusula de acesso das suas marcas às lojas que agora vende, acaba sempre por perder visibilidade perante o consumidor", sublinha. De qualquer forma, a empresa detém actualmente 42 espaços comerciais em todo o país, pelo que a venda de uma dúzia faz com que ainda restem três dezenas..Do ponto de vista da Modelo Continente, a estratégia é precisamente inversa. Mesmo antes da saída da Sonae Distribuição do Brasil, por razões que se prendiam nomeadamente com as elevadas perdas cambiais, Nuno Jordão sempre deixou claro que a aposta em Portugal passava pelo reforço da presença no retalho especializado. A concluir-se o negócio com a Maconde, a operação permitirá acelerar a expansão das insígnias Sport Zone e Zippy Kidstore, das quais Belmiro de Azevedo dispõe já de 40 lojas no primeiro caso e de oito no segundo. A vantagem é que muitas delas estão instaladas em centros comerciais propriedade da Sonae Sierra. Apenas um dos espaços comerciais é numa rua de Lisboa e por isso se destina à cadeia de supermercados Bonjour. C