Lula da Silva fica sem candidatos no estado de Santa Catarina
Roseana Sarney (PFL) ou Jackson Lago (PDT)? Vilma de Faria (PSB) ou Garibaldi Filho (PMDB)? Estas são apenas algumas das dúvidas que assaltam os dois candidatos às presidenciais brasileiras, para quem a disputa pelos governos estaduais em dez dos 27 estados do país podem ser absolutamente decisivas.
Sobretudo quando estão em causa estados como o Rio de Janeiro ou o Rio Grande do Sul, o terceiro e o quarto maiores colégios eleitorais do país, aos quais se somam ainda Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Maranhão, Pará, Goiás, Paraná e Santa Catarina.
Sendo que em cada um deles as rivalidades políticas, locais e até pessoais se sobrepõem a qualquer entendimento que os partidos ou os dois candidatos presidenciais possam estabalecer a nível nacional.
Exemplo disso é o que se passa em Santa Catarina, onde o governo do estado é disputado por dois candidatos - Luiz Henrique (PMDB) e Esperidião Amin (PP) - que integram partidos que fizeram parte da maioria parlamentar que, nos últimos quatro anos, apoiou o governo do Presidente Lula no Congresso.
Visto à distância, qualquer observador menos atento à realidade política brasileira estaria tentado a dizer que o Presidente Lula - cuja recandidatura é apoiada pelo PT, PRB (do vice-presidente José Alenquer), PCdoB, PSB e sectores do PMDB (liderados pelos senadores José Sarney e Jader Barbalho) - tinha a vida facilitada em Santa Catarina nesta segunda volta. Puro engano, já que tanto Luiz Henrique, como Esperidião Amin estão com Alckmin, que lidera uma plataforma constituída pelo PSDB, PFL, PPS e parte do PMDB, aos quais se poderá juntar hoje o PDT, responsável pelo lançamento de Cristovam Buarque na primeira volta.
Talvez assim se entendam melhor as razões que estão a levar Lula da Silva a ponderar a hipótese de nem se deslocar a Santa Catarina durante as duas semanas que ainda restam para a segunda volta das eleições que estão previstas para o dia 29.
Estratégia de Lula
Ao que tudo indica, o candidato-presidente prefere apostar nas regiões mais populosas do Brasil ou nos estados em que a sua presença ainda pode influenciar a disputa para os respectivos governos, contribuindo, deste modo, para reforçar as bases de apoio à sua própria candidatura. Como sucede, por exemplo, no Paraná ou em Goiás, onde Lula perdeu na primeira volta, sem que isso signifique, necessariamente, uma derrota para os dois candidatos com quem se aliou nestes estados: Roberto Requião e Maguito Vilela. Por sinal, duas referências do PMDB e que poderão perder as respectivas corridas para Osmar Dias (PDT) e Alcides Rodrigues (PP), que estão ao lado de Alckmin.
Situação idêntica regista-se no Rio Grande do Sul, outro dos estados onde Lula perdeu para Alckmin, e onde os dois presidenciáveis estão profundamente empenhados nas candidaturas de Olivio Dutra (PT) e Yeda Crusius (PSDB).
No plano oposto estão Pernambuco, Pará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Maranhão, onde a vantagem do candidato-presidente sobre os seus adversários da primeira volta foi avassaladora.
Sem que isso garanta, desde já, uma vitória antecipada dos candidatos que contam ali com o apoio de Lula: Eduardo Campos (PSB/ Permanbuco); Ana Júlia Carapa (PT/Pará); José Maranhão (PMDB/ Paraíba); Vilma de Faria (PSB/Rio Grande do Norte); e Roseana Sarney (PFL/Maranhão).
Mas que ajuda, contudo, a explicar porque é que Alckmin decidiu apostar em Jackson Lago (PDT/ Maranhão), Garibaldi Filho (PMDB/Rio Grande do Norte), Cássio Cunha Lima (PSDB/Paraíba), Almir Gabriel (PSDB/Pará) e Mendonça Filho (PFL/Pernambuco).
Resta o Rio de Janeiro, onde tudo é mais complexo, permitindo até que se cruzem os apoios consoante a eleição. É isso que explica que o antigo governador Anthony Garotinho e a sua mulher, Rosinha - a actual governadora -, apoiem o candidato do seu partido (PMDB) para o governo - Sérgio Cabral (o candidato de Lula) - e Geraldo Alckmin para as presidenciais. Sendo que Alckmin apoia a ex-magistrada Denise Frossard (PPS), uma espécie de inimiga oficial do casal Garotinho.
Resta apenas saber qual irá ser a opção dos eleitores no próximo dia 29.