Luís Tinoco é o primeiro "compositor residente" do S. Carlos
"Satisfeito e contente". É assim que se sente Luís Tinoco com o convite feito pelo atual programador artístico do TNSC, Patrick Dickie, e pela maestrina titular da Orquestra Sinfónica Portuguesa (OSP), Joana Carneiro.
"O que eles [Patrick Dickie e Joana Carneiro] me comunicaram, quando fizeram o convite, é que queriam criar uma relação com um compositor que fosse mais duradoura, e que permitisse expandir um pouco a relação que o compositor normalmente tem com as orquestras ou com os teatros de ópera, que é criar-se uma obra, a obra é estreada e depois quebra-se ali um pouco a relação", disse Luís Tinoco, que já realizou várias encomendas para a Sinfónica Portuguesa.
Luís Tinoco considerou esta intenção como "muito importante e que deve acontecer, não só com o TNSC", mas reconhece que "o tempo às vezes, não chega para se aprofundar determinados tipos de projetos e experimentar os que se estão a fazer", e não só em Portugal, mas em todo o mundo.
O compositor autor, entre outras, da peça O sotaque azul das águas, afirmou que o contrato é por duas temporadas a que começa este ano (2016/17) e vai até à seguinte (2017/18).
Nesta temporada irá apresentar uma nova peça, Concerto para violoncelo e orquestra, a estrear em fevereiro próximo, com o violoncelista Filipe Quaresma e a OSP.
"Sugeri o Filipe Quaresma, porque já há algum tempo que queria escrever uma peça para o Filipe, pois somos muito amigos, fomos colegas em Londres, na Royal Academy, temos um percurso que se cruza já há vários anos, quer do ponto de vista afetivo, como académico e artístico", disse.
"Filipe Quaresma é um músico que admiro muito e, quando surgiu esta hipótese de fazer o Concerto para violoncelo e orquestra, lembrei-me dele. Em Portugal, o que não falta são bons violoncelistas, aliás excelentes. Um deles é o Filipe Quaresma", rematou.
Para a temporada de 2017/18 irá resgatar um projeto de "teatro musical", com libreto de Jacinto Lucas Pires, O canto da Europa, cuja estreia esteve prevista para janeiro de 2016, numa parceria com o Nacional D. Maria II.
O músico afirmou que já leu as duas versões do libreto, mas só depois de fevereiro do próximo ano irá concentrar-se nesta segunda encomenda.
De Luís Tinoco, a OSP estreou, em maio do ano passado, a peça Incipit, que teve estreia no Brasil, há pouco mais de um ano, pela Orquestra Sinfónica Brasileira, sob a direção do maestro norte-americano Tito Muñoz, na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro.
Luís Tinoco, de 46 anos, tem frequentemente visto as suas obras serem estreadas além-fronteiras, por orquestras internacionais. Em 2014, FrisLand foi estreada pela Sinfónica de Seattle, num concerto dirigido pelo maestro francês Ludovic Morlot.
Contos fantásticos e Evil machines, concebidas em parceria com o ex-Monty Python Terry Jones, Cercle interieur, composta para a Cité de La Musique, em Paris, em 2012, Mare Tranquilitatis, From the depth of distance e Tracing the Memory, estreadas por orquestras norte-americanas, entre 2004 e 2009, e Short cuts, que a Orquestra Sinfónica de Chicago escolheu para o seu repertório, são algumas das suas obras. Em novembro de 2014, estreou Lídia, com a Companhia Nacional de Bailado.
Desde 2005, a música de Luís Tinoco é publicada no Reino Unido pela University of York Music Press.