Luis Suárez, uruguaio até à medula

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Cada país tem ou procura um estilo de jogo. Digamos que há uma aproximação ao futebol que diferencia o Brasil da Inglaterra ou a Itália da Alemanha. É certo que a seleção brasileira faz-nos lembrar muito pouco o jogo bonito que popularizou as suas melhores edições, a de 1958 e a de 1970. É verdade que esta Inglaterra é mais fina do que a tradicional, a enérgica, simples e frontal que parecia alheia à evolução do futebol. Até a Itália parece mais generosa. Contudo, há algo nestas equipas que as identifica com os seus genes. Basta ver Neymar e Marcelo, Cahill e Jagielka e Chiellini e companhia para dizer: estes são autênticos brasileiros, ingleses e italianos.

Com o Uruguai sucede algo surpreendente. É uma equipa sem estilo. O que o Uruguai quer é sobreviver, manter a tradição competitiva de um país de apenas cinco milhões de habitantes. Não há concessões estéticas, mas também se pode orgulhar de futebolistas requintados como Schiaffino, Francescoli ou Pedro Rocha. Todos eles são uruguaios: os finos, os duros, os toscos, os habilidosos. Só os preguiçosos e os ingénuos são rejeitados.

A esse estilo sem estilo chama-se garra. Ou seja, ardor competitivo. Nenhum dos seus jogadores o representa melhor do que Luis Suárez. À primeira impressão tem aspeto de um jogador vulgar. Até entrar em ação não parece um atleta, nem dá a impressão de ser habilidoso. Nada o travará no seu caminho para a baliza. É um camaleão. Adota todas as estratégias necessárias para superar os defesas e aniquilar os guarda-redes. Pode ser simples e habilidoso, duro e subtil, oportunista na grande área ou rematador de meia distância. Pode jogar com o joelho recém-operado e destroçar a defesa inglesa. Foi o que fez ontem Luis Suárez, um uruguaio até à medula.

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