Luís Miguel Cintra volta Teatro São Carlos e a ópera vai ao Porto

Temporadas temáticas é "quase antiquado", defende Patrick Dickie, diretor artístico do teatro de ópera nacional. Defende que cada espetáculo tem "um sabor e um ponto de vista". Este ano estão previstas idas aos coliseus e apresentações no Porto.
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"Não estava à vontade com a ideia de pensarem que o Teatro São Carlos era o edifício. Para mim, é as pessoas e a maneira de resolver esse problema era saindo", afirma Patrick Dickie, diretor artístico desta casa. E assim, a principal marca da nova temporada é que a ópera vai aos Coliseus, de Lisboa e do Porto, e ao Teatro Nacional de São João, com The Rape of Lucretia, no regresso de Luís Miguel Cintra à companhia.

É um regresso do ator e encenador ao São Carlos, a primeira vez depois do encerramento da Cornucópia. Patrick Dickie explica o convite. "Esperava trabalhar com ele em Lisboa e a oferta seria começarmos a falar e ele trabalhar no teatro ou no salão nobre, mas a conversa andou depressa porque tínhamos a oportunidade do São João. The Rape of Lucretia, uma obra de Benjamin Britten foi "um título que fez sentido". "Não é grand ópera", explica, mas "um projeto de estúdio". Sem coro e poucos elementos na orquestra. Mas nem por isso menos cuidado. Pelo contrário. É um trabalho de minúcia. O elenco é totalmente português e o processo de "três, quatro meses". E o (re)encontro de Luís Miguel Cintra com o maestro João Paulo Santos. Estreia em dezembro em Lisboa e em janeiro no Porto.

O plano para 2017/2018 é "ambicioso", aceita o diretor artístico. Além deste projeto, a companhia trabalha outras três produções novas: uma encenação de Elektra, pela mão de Nicola Raab (o mesmo nome na ficha técnica de Flowering Tree, que passou pelo CCB), Idomeneo, com encenação de Yaron Lifschitz e direção musical de Joana Carneiro (que volta a ser a maestrina titular da orquestra após um ano de ausência), e La Traviata, com o "jovem" Pedro Ribeiro na encenação e António Lagarto na cenografia e figurinos. "Há muito talento criativo português", resume.

Faz um ano que o britânico assumiu a direção artística da companhia, após duas temporadas como consultor. Logo nesse momento afirmou que o teatro tinha de sair do largo com o seu nome no coração da cidade de Lisboa. "Tornou-se claro para mim que há coisas que ainda não fizemos. Como diretor artístico posso fazê-las", afirma, sobre as diferenças do seu novo papel. "O público sempre gostou de ir aos coliseus ver produções do São Carlos", diz. É o que acontecerá em outubro, com Turandot , de Giacomo Puccini, a 19 em Lisboa e a 21 no Porto.

Patrick Dickie aceita que "equilibrar o repertório italiano é a espinha dorsal do programa", mas não fala de uma época una e temática. "Pensar na temporada é quase antiquado", reflete, nesta conversa com o DN. "É uma temporada mainstream, com alguma coisa para toda a gente, e acho que esse deve ser o trabalho do São Carlos", considera. "Temos de acreditar que cada projeto tem o seu próprio sabor e ponto de vista".

O seu objetivo é alcançar novos públicos para o Teatro Nacional de São Carlos. "Procuramos proporção e equilíbrio, procurando coisas para diferentes audiências", resume numa frase. Incluindo os turistas, que visitam a capital. "Tem de ser mais claro como comprar um bilhete de última hora para quem está na cidade por quatro dias".

O que ver:

Turandot, de Giacomo Puccini

É um projeto que "atrairá uma grande audiência", afirma Patrick Dickie sobre o concerto encenado a partir da obra do compositor italiano, que estreia a 19 de outubro no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, e no dia 21 no Coliseu do Porto. Com Elisabete Matos e Dora Rodrigues.

The Rape of Lucretia, de benjamin Britten

Esta nova produção da companhia marca o regresso de Luís Miguel Cintra ao Teatro Nacional de São Carlos. João Paulo Santos é o diretor musical. Acontece nos dias 2 e 5 de dezembro, às 20.00, no dia 3, às 16.00, no São Carlos. Dia 5 de janeiro, às 20.00, e no dia 7 de janeiro, às 16.00, no Teatro Nacional de São João. É a primeira vez em 41 anos que uma ópera do São Carlos se apresenta nesta sala do Porto.

L"Enfant et Les Sortilèges, de Maurice Ravel

O espetáculo é da Ópera da Lyon, o elenco português, a direção musical de Joana Carneiro. É curto, com animação integrada e é a proposta de Natal do São Carlos. "Atrai famílias e crianças", segundo Patrick Dickie. Programado para 28, 29 e 30 de janeiro, às 16.00. Já em 2018, a 4 e 5 de janeiro, às 20.00, e no dia de Reis, às 16.00.

Elektra, de Richard Strauss

A obra de Richard Strauss junta, de novo, a encenadora alemã Nicola Raab à companhia do Teatro São Carlos no Centro Cultural de Belém, nos dias 1 e 7 de fevereiro, às 20.00, e no dia 4, às 16.00.

Idomeneo, de Wolfgang Amadeus Mozart

"Não será um boxoffice, mas será uma produção muito rica e interessante", promete Patrick Dickie, sobre a obra de Mozart. Nos dias14, 16, 18, 20 e 22 de abril.

I Capuleti e i Montecchi, de Vincenzo Bellini

"É a única produção que é uma verdadeira contratação. Já foi visto em Verona e Veneza e tem um elenco italiano", diz Patrick Dickie. Sobe ao palco do São Carlos no dias 14,16, 18, 20 de Abril, às 20.00, e no dia 22, às 16.00.

La Traviata, de Giuseppe verdi

"Há sempre pessoas a querer ver La Traviata", diz o diretor artístico. Este ano, a partir da encenação de Pedro Ribeiro, nos dias 9, 11, 14, 16 e 18 de Junho, com a soprano russa Ekaterina Bakanova, 33 anos, no papel principal e em estreia no São Carlos.

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