Luís Ganito: "Não fui rebelde como o Carlitos"

O cabelo aparado e os calções pelos joelhos, que tornaram célebre o jovem actor na série da RTP1 <em>Conta-me como F</em>oi, deram lugar a um estilo descontraído. O jovem traquina desta história é hoje um adolescente com opiniões definidas. Veja como Luís Ganito cresceu e quase nem demos por isso.
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Luís Ganito viveu, ao longo de quatro anos, o fim da sua infância e o início da adolescência duas vezes, de formas bem diferentes e ao mesmo tempo. Parece loucura mas não é. O actor de 13 anos explica: "Eu e o Carlitos temos a mesma idade, só que vivemos em tempos muito diferentes, mas eu nunca fui tão rebelde como ele", diz, lembrando que é um rapaz dos tempos modernos, que na série da RTP1 Conta-me como Foi se vestia e comportava como se vivesse no fim dos anos 1960 e inícios de 70, em Portugal.

Também já não são a mesma pessoa. O jovem actor sente isso quando se vê no pequeno ecrã e impressiona-se com quão pequenino era quando começou a debitar as primeiras frases para as câmaras da estação pública. "Era muito pequeno, devia ter um metro e meio quando gravei o primeiro episódio. Agora tenho 1,64", diz.

O actor tem saudades da sua personagem, dos colegas de elenco e de aprender História. Porém, há memórias que dispensa. "Aqueles sapatos ortopédicos, aquelas solas que se usavam matam mesmo uma pessoa", desabafa. Até o cabelo, hoje encaracolado e cada vez maior, lhe fazia confusão... "Era tão curtinho, tinha frio. Não sou muito adepto de ter o cabelo mais curto e pequeno", revela. Teve, contudo, a sorte de os amiguinhos na escola nunca terem implicado com o seu look anos 60. "Os meus colegas não diziam nada."

Amigos novos

Se na série esteve sempre rodeado dos mesmos amigos, a vida real de Luís Ganito, nos últimos quatro anos, tem sido escrita de outra maneira. "Os da minha vida foram mudando e entrou muita gente. Quando era pequeno brincava com os meus amigos do bairro, em Odivelas, íamos para o ringue, para o pátio onde se jogava à bola e, depois, cada um ia para o seu lado. Já não falo tanto com os amigos do Conta-me, o Francisco Madeira, o Manuel Alves e o Tiago como falava antigamente. Durante anos estávamos juntos mais do que três dias por semana e aos sábados para as gravações."

Tanto na ficção como na realidade, a relação de Luís Ganito com as avós é forte e bem próxima. Mas se a da série, a avó Hermínia (Catarina Avelar), tem estado distante, a verdadeira anda sempre por perto. "No Conta-me havia uma relação mais distante porque os avós, os pais, todos eram tratados na terceira pessoa e na minha família nada disso acontece. Aquelas avós já não existem. Os meus moram numa rua acima de mim e até estou mais tempo em casa deles do que na minha", refere, orgulhoso.

Nem tudo foram perdas para Luís Ganito nestes anos. Os ganhos registam-se na disciplina de História, na conta bancária e até nalguma reivindicação. "Sei o que se passa hoje em dia e sei o que se passou há 30, 35 anos. Na escola da série tínhamos a noção de que se nos portávamos mal tínhamos a régua", exemplifica. "Não é nada como agora...", diz, defendendo que o que se faz hoje também não está certo. "Se o professor dá um puxão de orelhas a uma criança que se porta mal  já tem de pagar uma multa. Faz-se logo um escândalo na escola e não é preciso. Não precisamos das réguas, mas os puxões de orelhas não precisam de acabar assim", defende. Habituado a computadores, a televisores e desporto, Luís Ganito admite que aprendeu muito com o Carlitos. "Ensinou-me a fazer uma telefonia, por exemplo. Ensinou-me tanta coisa... Por exemplo, naquela altura havia mais respeito, sobretudo para com o pai e a mãe. Havia menos liberdade numas coisas, mas mais noutras, como poder ir para as ruas brincar. Hoje, acho que há protecção a mais."

Futuro fora de Portugal

Na escola em Odivelas, diz que não é influente nem mais conquistador por continuar a ser protagonista de um programa da RTP1. Luís Ganito quer outras coisas. "Gostava de fazer coisas que misturassem acção com comédia. Não sou a criança que fui em tempos, mas ainda não sou adulto, por isso gostava de fazer a mudança na ficção porque as oportunidades para um adolescente que queira ser actor passam pelas séries juvenis", justifica.

Porém, ele quer mais a médio prazo. "Penso em ir para os Estados Unidos porque são o ponto mais alto da representação. Depois porque sou federado em basquetebol há bastante tempo e lá enchem-se estádios", conclui.

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