Lucas Till sobre "MacGyver": "Foi calçar os sapatos de outra pessoa"

Lucas Till é o sucessor de Richard Dean Anderson no remake de MacGyver. O ator contracena com George Eads, Tristin Mays e Justin Hires
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"Porquê MacGyver agora? Porquê trazer de volta a icónica série dos anos 80?". As perguntas vão na direção do ator norte-americano Lucas Till, 27 anos, protagonista do remake da série do herói que consegue fazer uma bomba com uma pastilha elástica. Ri-se: "Não me perguntem a mim. Eu só disse sim". Ri-se, de novo. "Ele é um tipo mesmo fixe, mas não sei a resposta e é engraçado porque perguntei o mesmo. Disseram-me que iam filmar em Portland, Oregon, e eu disse sim. Para mim foi calçar os sapatos de outra pessoa e nunca ninguém me deixa esquecer esse facto. É uma grande pressão".

Foi em 2016 e Lucas Till era cara conhecida de quem acompanha a saga X-Men no cinema. É com outra saga que compara o facto de ter aceite interpretar uma personagem tão marcante como MacGyver. "As expectativas são semelhantes às de quem vai ver um novo Star Wars".

As críticas ao ator começaram antes mesmo do remake ir para o ar. "Tento não prestar atenção ao que se diz, porque não vai ajudar-me, por isso foi só depois das pessoas começarem a receber a série muito bem que comecei a ler. Nos primeiros dois episódios, as pessoas diziam-se "que se lixe este tipo", depois passou", conta.

"É mais fácil numa segunda temporada. Porque já estabelecemos tudo, é um sucesso por razões que não apelam aos fãs da primeira série, porque fizemo-la nossa, portanto é bom, é mesmo muito bom. Agora podemos fazer o que desejamos, afirma. Esta nova série de episódios de que fala começa a passar no canal Fox na terça-feira e o DN falou com Lucas Till numa entrevista conjunta para órgãos de informação de vários pontos do globo, em Amesterdão. Pergunta aos jornalistas de onde vêm. "Tailândia? Estive lá há pouco tempo". "Alemanha? Wie geht"s? Ich bin sie gut", pergunta e responde em alemão. "Como estão? Eu estou ótimo". Portugal merece-lhe um sorridente "ah" e uma resposta evasiva quando o DN pergunta o que desejam fazer agora. "Não posso dizer isso, porque o patrão mata-me", desvia, com mais uma gargalhada.

O patrão, produtor, é Peter Lenkov e está na sala ao lado. O DN conversa com ele uma hora depois. "Lucas está melhor a cada episódio, entrámos nisto muito rapidamente, após um episódio piloto mal-sucedido. Eu ainda estava a escrever, fi-lo mudar o cabelo e ele tornou-se o MacGyver do dia para a noite", explica. "Acho que está a fazer um ótimo trabalho". "Ele tem muito de herói e há muito para gostar nele".

Fala sem problemas das críticas que embalaram a estreia do projeto: "Para mim fazer o MacGyver foi trabalhar com um herói que nos ensinou a fazer as coisas de outra maneira, como pensamos com uma cabeça de engenheiro, é um superherói sem superpoderes nem capa. O superpoder dele é o cérebro, mas assim que se ouve a palavra remake diz-se que Hollywood perdeu a originalidade, compara-se com o original, a audiência é muito cética, está de braços cruzados ainda antes do lançamento", comenta. E quando o confrontam com o facto de ser realmente uma série antiga, contesta. "Há ideias que parecem novas, mas, dou um exemplo, Die Hard foi um filme muito popular. Anos mais tarde apareceu Air Force 1, que era Die Hard num avião. Em televisão temos o procedural drama, série de advogados, de médicos, na televisão temos de nos pôr numa caixa. A ideia do remake, e o Star Trek fê-lo bem, é introduzir a série a novos públicos". Diz, aliás, que está a trabalhar em novas versões de outras duas séries clássicas para lá de MacGyver.

Nunca viu a série original

Lucas Till, nascido em 1990, não tem recordações da série original, que estreou em 1985. A série que deu a conhecer Richard Dean Anderson, então com 35 anos, prolongou-se por sete temporadas e quase oito anos, até 1992.

"Recordo-me de chamarmos MacGyver ao meu pai", diz o ator, como quem atira o melhor que tem. "Ele pirateava os meus projetos escolares! Estão a ver um pedaço de madeira e aos 8 anos fazer disso um carro e tentar explicá-lo?", conta o ator, filho de um militar.

O currículo de Lucas Till está carregada de participações em séries e filmes. De Dr. House ao filme Hannah Montana. "Cinema são férias, televisão é uma loucura". "Olhei para o meu planeamento e parecia uma loucura, comentei um ator de X-Men, ele disse que era difícil, mas é ainda pior. O horário eram 90 horas por semana, às vezes sem fins de semana, porque tinha de voar para falar com a imprensa e entretanto aparece um monólogo de cinco páginas sobre técnicas de bombas."

A conversa muda de sentido: como vê o futuro das séries de televisão? "Eu vejo séries com um máximo de 13 episódios, a nossa é um formato em que acontece algo novo em todos os episódios, mas não consigo prever, pois nunca imaginaria há cinco anos que estaríamos aqui e que a TV seria algo cool". Conta que terminou House of Cards e que está a ver Tabu e Goldrush.

Peter Lenkov, que começou como guionista nos anos 90 e é também o produtor na ficha técnica da série Hawai: Força Especial, com estreia marcada para 26 de dezembro, também na Fox, admite que agora "é mais difícil levar as pessoas a ver a série, é preciso ter algo único para que apareçam para ver televisão". "Nós vamos para o ar à sexta-feira e temos sorte, temos 9 milhões de espectadores, as outras estações têm 4, 5 ou 5 milhões. Como o conseguimos? São muito ingredientes, mas esse é o desafio".

No caso da série ambientada no Hawai, explica, "a sorte é passarmos em novembro, dezembro e dar a oportunidade de viajar até ao bom tempo do Hawai, com pessoas bonitas e num local bonito, por isso tenho uma arma secreta com aquela série. Mas, sim, é preciso ser inventivo, porque agora há mais opções, temos de nos distinguir".

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