Lixo produzido durante o carnaval será transformado em renda para cooperativa de catadores
No ano passado, foram coletadas 74 toneladas de produto reciclável somente nos desfiles das escolas de samba, segundo informações da Comlurb, empresa pública responsável pela limpeza da cidade.
"Este ano vamos distribuir um saquinho biodegradável para o público das arquibancadas, para que eles ordenem seu próprio lixo. Normalmente, ao final de cada dia de desfile, as arquibancadas são um mar de papel e plástico e se o lixo estiver ordenado, fica mais fácil", afirmou à Lusa Ana Rebouças, assessora da Comlurb.
Alguns dos blocos de rua também fecharam acordo com a Federação das Cooperativas de Material Reciclável (Febracom) para dar um destino ecologicamente correto às toneladas de latas de alumínio, garrafas PET e papel que os foliões deixam para trás ao final de cada desfile.
"Nós também estamos ampliando as campanhas para fazer com que o público colabore. Este ano, colocamos 1.200 contentores a mais, o que tem reduzido em até duas horas o trabalho dos garis [funcionário da limpeza]", destaca Ana.
Para tornar o trabalho mais eficaz, cerca de 200 catadores de lixo atuam imediatamente após os desfiles dos blocos, em um carro apelidado de "fecha-alas" - uma brincadeira em referência ao carro "abre-alas", tradicional nas escolas de samba.
Em seguida, o material é enviado para uma triagem, onde o lixo é pesado e selecionado, para então ser distribuído entre as 48 cooperativas que atuam na ação.
No carnaval do ano passado, foram recolhidas quatro toneladas somente nos desfiles de blocos de rua, que descartam principalmente latinhas de alumínio e material de plástico.
No Brasil, o catador de lixo é uma profissão diferente do funcionário da limpeza pública.
A atividade dos catadores ganhou visibilidade especialmente após a produção do documentário "Lixo Extraordinário", indicado ao Oscar de melhor documentário no ano passado.
O filme acompanhou de perto a rotina dos catodores no Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, na periferia do Rio de Janeiro, e o trabalho feito pelo artista plástico Vik Muniz a partir do material coletado por eles.