Liverpool assinala quarta-feira 20 anos sobre a tragédia de Hillsborough
Em respeito ao fatídico dia, perpetuado num monumento à entrada de Anfield Road, o Liverpool solicitou a antecipação para hoje do jogo com o Chelsea, da segunda "mão" dos quartos-de-final da Liga dos Campeões.
A tragédia vivida em Hillsborough, que levou à revisão de todo o sistema de segurança nos estádios ingleses, vitimou na sua maioria jovens e velhos adeptos do Liverpool, que sucumbiram por esmagamento ou asfixia.
O relatório final não apontou para qualquer tipo de conduta incorrecta entre os simpatizantes dos dois clubes, mas registou sobrelotação do estádio, pouco funcional e sem condições mínimas de segurança.
O drama de Hillsborough, tal como o da final da Taça dos Campeões de 1984, em Heysel, na Bélgica, que provocou a morte a 39 adeptos, envolvendo as equipas do Liverpool e da Juventus, de Itália, foi acompanhado em directo pela televisão.
Hillsborough marcou todos os que viveram de perto o fatídico incidente e em especial Kenny Dalglish, na altura treinador no Liverpool, e o médio Steven Gerrard, que perdeu um primo de 10 anos no estádio.
"Penso muito no que aconteceu. Fomos uma das famílias que tiveram sorte, pois os nossos filhos regressaram a casa nessa noite, mas o meu coração também está com aqueles que não tiveram a mesma sorte", disse o escocês.
Kenny Dalglish, em declarações prestadas domingo, disse que pensa várias vezes na tragédia e que agradece todos os dias pelos seus filhos - estavam presentes no estádio - terem saído vivos da confusão.
Também o "capitão" dos "reds", Steven Gerrard, recordou recentemente a tragédia de Hillsborough, que lhe tocou perto, já que provocou a morte a um primo, de 10 anos, Jon-Paul Gilhooley, que foi a vitima mais nova.
"Ver as reacções dos pais e da família dele ajudaram-me a continuar para me tornar o jogador que sou hoje. O tempo passou, mas as feridas nunca cicatrizarão e os adeptos nunca se esquecerão", referiu Gerrard.
A 29 de Março, a tragédia voltou a ensombrar o mundo do futebol, com a morte de 22 adeptos na sequência do desabamento de um muro num estádio da Costa do Marfim, em jogo de qualificação para o Mundial2010, na África do Sul.
O Estádio Felix Houphouet-Boigny tinha capacidade para 45 mil espectadores, mas no momento da queda do muro havia 50 mil nas arquibancadas, para além de que muitos milhares tentavam entrar para assistir à partida.
Na América do Sul, a última grande tragédia num estádio de futebol remonta a 1996, quando 85 adeptos morreram na cidade da Guatemala, durante um jogo a contar para a qualificação para o Mundial de 1998.
Nas últimas quatro dezenas de anos, e embora só as grandes tragédias estejam devidamente referenciadas e contabilizadas, mais de 1.400 pessoas morreram em estádios um pouco por todo o mundo.
APS
Lusa