Lisboa. Web Summit faz disparar 80% preços do Alojamento Local

Parque das Nações e Baixa são as zonas onde os preços mais subiram nos dias da cimeira tecnológica e há apartamentos a custar 500 euros por noite. Hotéis também esgotam.
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Lisboa já começou a receber este fim de semana os 70 mil participantes que nos próximos dias vão lotar mais uma edição da Web Summit. Mas não são só os pavilhões da FIL que vão estar cheios, os hotéis e alojamentos locais da capital registam ocupações máximas para os dias da cimeira tecnológica, que decorre entre 1 e 4 de novembro.

A elevada procura fez os preços do Alojamento Local (AL) disparar 80% para estas datas, em comparação com o mês anterior, revela a GuestReady. A empresa gestora de AL explica que há apartamentos que custam mais de 500 euros por noite. As zonas da Baixa e do Parque das Nações são as mais caras e onde as tarifas diárias mais subiram. "Durante a Web Summit, a procura é sempre grande mas, este ano, notou-se que a ocupação cresceu muito rápido e muito mais cedo do que era costume e, consequentemente, houve uma evolução dos preços nesse sentido", explica ao DN/Dinheiro Vivo o managing director da GuestReady em Portugal e Espanha, Rui Silva

O responsável da empresa que gere mais de mil propriedades no país adianta que toda a oferta está esgotada e que são os franceses, os alemães e os ingleses os responsáveis pela maioria das reservas. Os espanhóis e os americanos completam o top cinco dos principais mercados a acorrer à capital para a cimeira tecnológica.
O impacto da Web Summit no turismo do país estende-se além das datas do evento e sai das fronteiras da capital, explica a Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP).

"Depois de impactar Lisboa, há um aumento de procura noutras regiões como no Porto ou na Costa da Caparica, por exemplo", refere o presidente da associação. Eduardo Miranda adianta que o AL é responsável por receber 50% dos hóspedes da Web Summit e apela a que sejam criadas condições na cidade para o desenvolvimento da atividade. Numa altura em que os novos registos de AL se encontram suspensos em 15 das 24 freguesias, a Câmara de Lisboa aprovou na semana passada uma moção do PS que propõe a alteração do regime do AL para que as licenças passem a ter um limite temporal. Eduardo Miranda fala em desconhecimento da realidade turística da cidade.

"Esta medida é o desconhecer da realidade do turismo que leva à apresentação propostas que dão resultados catastróficos. Uma proposta dessas significa que a Web Summit tem de mudar para outro lado. Sem o AL é impossível, não há Web Summit, nem Eurovisão e outros grandes eventos como congressos médicos. Antes de se fazer propostas sem pensar é importante ter um conhecimento da realidade", pede o presidente da associação.

​​​​​A hotelaria tradicional também está sem mãos a medir para os próximos dias. Há hotéis esgotados na próxima semana como é exemplo o Dom Pedro Lisboa. O cinco estrelas começou a receber as primeiras reservas para Web Summit em abril e os preços subiram 20% face ao pré-pandemia.

"Há um aumento da procura resultante da realização do evento bem como um aumento dos preços médios na cidade, o que maximiza em conjunto a taxa de ocupação e o preço médio do quarto vendido. Iniciámos as reservas com um preço base equivalente ao de 2019, mas como a procura para as datas foi superior, atingimos preços mais altos mais rapidamente", atesta o diretor de vendas do hotel, Pedro Ribeiro. Brasileiros, americanos e portugueses são os principais mercados durante a próxima semana.

Também os três hotéis em Lisboa do grupo Stay Hotels estão esgotados. "Eventos como a Web Summit são uma grande oportunidade para o setor da hotelaria e contribuem para o crescimento de níveis de atividade semelhantes aos da época alta, sobretudo, na capital, uma vez que geram grande impacto na procura pelos nossos hotéis", explica a cadeia hoteleira.

A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) perspetiva um cenário otimista para as contas das empresas hoteleiras durante a próxima semana e confirma um aumento generalizado nas tarifas praticadas. "Espera-se que haja um grande impacto na hotelaria de Lisboa, bem como de toda a região. Quanto aos preços, o aumento já é uma realidade, também pela subida de custos relacionados com a inflação, energia, bens e serviços, salários, matérias-primas, etc.. Mesmo durante a pandemia, o preço manteve-se estável, pelo que se prevê que o preço médio por quarto ocupado seja efetivamente superior ao de 2019", enquadra a vice-presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira.

Em 2019, a cimeira tecnológica gerou um impacto económico de 72 milhões de euros e um impacto fiscal de 24,9 milhões de euros no país e, nesse ano, de acordo com os dados AHP, a hotelaria da cidade de Lisboa registou uma taxa de ocupação de 94%, sendo que a hotelaria da Área Metropolitana atingiu os 90%.

Os participantes da conferência gastaram no pré-pandemia, em média, três milhões de euros por dia na hotelaria de Lisboa, cerca de 12 milhões de euros nos quatro dias do evento e, a avaliar pela subida de preços, estes números deverão crescer na edição de 2022.

"Depois de dois anos particularmente difíceis para a hotelaria portuguesa e para o turismo mundial, num ano marcado agora pelo impacto social e económico da guerra, eventos como estes são uma oportunidade de reencontro, uma lufada de ar fresco. E, claro, contribuem para que este se confirme, ao que tudo indica, como um grande ano para o turismo português", conclui Cristina Siza Vieira.

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