Lisboa lidera perspetivas de investimento dos transitários
Apostada em conhecer melhor a realidade do setor que lidera, a Associação dos Transitários de Portugal (APAT) promoveu um inquérito aos associados, tendo em vista a elaboração de um barómetro da atividade. Os dados, que serão publicados na próxima semana, mostram que 45% dos inquiridos pretendem aumentar o nível de investimento no próximo ano, a que se juntam mais 50% que contam manter o mesmo nível de investimento. E só 5% assumem cortes nesse domínio. Em termos geográficos, Lisboa lidera nas intenções de reforço.
"Este estudo, inédito, irá permitir perceber o sentimento dos associados e os níveis de confiança na atividade transitária e avaliação dos potenciais fatores de constrangimento, assim como perceber como olhamos para a nossa atividade, de que forma percecionamos o futuro, os riscos e os desafios que nos esperam na expectativa de que as conclusões retiradas do mesmo permitam apoiar as tomadas de decisão", diz o presidente executivo da APAT, António Nabo Martins.
A associação conta com 260 associados, que dão emprego a mais de sete mil pessoas e movimentam, anualmente, 2,5 milhões de euros. Os transitários são agentes responsáveis por fazer a mediação nas operações de transporte internacional de todos os modos de transporte de mercadorias, marítimo, aéreo, ferroviário ou rodoviário, e por organizar a ligação entre operadoras diferentes.
O inquérito, realizado em parceira com o IPAM, a mais antiga escola de marketing em Portugal, a Grounded e a Transportes em Revista, contou com 123 respostas válidas, mais de metade das quais (57%) de proprietários ou gerentes de empresas de transitários. Houve, ainda, 30% de respostas de diretores operacionais, financeiros ou do departamento comercial e de marketing. Além do investimento, os inquiridos foram convidados a dar a sua opinião sobre as perspetivas da atividade transitária para os próximos três anos - com dois terços a revelarem expectativas boas ou muito boas - bem como a sua visão de futuro, mediante a pergunta se recomendariam a um familiar ou amigo uma profissão numa empresa transitária. E aqui surge a grande surpresa: 63% dos inquiridos não recomendam a profissão. A APAT não sabe dizer porquê.
"Não lhe consigo dizer porquê, esse é um assunto que teremos de explorar no futuro. Na verdade, esta é uma área muito aliciante, diria mesmo que é viciante, isto de procurar desenhar soluções de transportes que permitam minimizar custos e aumentar a eficiência, mas é um trabalho desgastante, muitas vezes em cima do arame", explicou ao DN/Dinheiro Vivo António Nabo Martins. Globalmente a associação está satisfeita: "Esta foi uma primeira experiência e que se mostrou muito positiva. Temos a intenção de a repetir a seguir ao verão, para podermos ter dois barómetros anuais. E neste segundo, que esperamos divulgar lá para setembro, vamos procurar aprofundar mais o conhecimento, designadamente recolhendo informação mais pormenorizada sobre o tipo de investimentos que estão planeados no setor." No segundo barómetro, o objetivo é envolver mais empresas e, sobretudo, mais colaboradores intermédios, no próximo inquérito.
Mesmo sem saber, exatamente, em que áreas se centram os novos investimentos, a APAT acredita que a digitalização estará entre as prioridades das empresas. Ou deveria estar. "A desmaterialização dos processos permite uma relação mais facilitada com as alfândegas e torna toda a atividade mais fácil, mais flexível e mais imediata. As novas plataformas e ferramentas informáticas permitem reduzir a carga de trabalho do setor, que hoje ainda é muito manual, o que pode gerar erros", admite o presidente da associação, sublinhando: "Numa era tão digital todos nós precisamos de nos reinventar todos os dias."