Lisboa, 2020 ilha flutuante desafia arquitectura estática

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Lisboa, 2020. O sol aquece o estuário, a brisa faz-se sentir, a ondulação mostra-se perfeita. Estas três fontes de energia tornam independente e ecológica a enorme ilha artificial que flutua no Tejo.

É a Ilha dos Amores do século XXI imaginada por Emanuel Dimas Pimenta (ver caixa), que deu lugar a um livro que será apresentado amanhã às 18.30 na exposição da Quadrum Galeria de Arte, em Lisboa.

"Um edifício flutuante, que pode crescer e diminuir, mover-se de e para qualquer ponto, de superfície irregular, utilizando o movimento das águas e do ar como gerador de energia, e fazendo das flutuações e da diferença de tempe- ratura outro elemento importante. Usa a luz e o calor como energia, constituindo um organismo onde tudo pode acontecer". Assim a define o seu criador.

Uma ilha-cidade que funciona como se fosse uma gigantesca estrutura de legos. Mas aqui os legos são substituídos por módulos com forma de octaedro e uma altura de cerca de três andares.

Cada módulo tem água, luz e tudo o que precisar sem recorrer ao petróleo. Estas unidades modulares são independentes das restantes, podendo mesmo ser "encaixadas" como se quiser.

Esta ilha do futuro foi inspirada na proposta que o nosso interlocutor desenvolveu para o largo Maggiore, na fronteira entre a Suíça e a Itália, onde reside. "Para resolver o problema de criar um centro cultural que servisse todas as pequenas comunidades que habitam nas margens, concebi um centro flutuante, móvel e em permanente metamorfose, para atracar em todos os pequenos portos e assim servir toda a gente", explica ao DN Emanuel Dimas Pimenta.

Arca de noé. Quando o crítico e escritor António Cerveira Pinto soube do projecto suíço, convidou o arquitecto para integrar o estudo de "O Grande Estuário", onde idealiza uma cidade no Tejo, tal como um "santuário ecotecnológico", sem recorrer ao ouro negro. Algo que imaginou como "uma super- -estrutura que pudesse vaguear entre o Tejo e o Atlântico, com milhares de pessoas, cães, gatos e bicos-de-lacre a bordo (...), uma espécie de Arca de Noé".

O defensor da arquitectura virtual aceitou logo o desafio. "Há aqui um conceito de edificação diferente. Não é como a estrutura estática de um prédio. Há um conceito de tensão que pode fazer mudar a forma do edifício e fazê-lo articular-se de maneira diferente", diz.

A concepção da Ilha dos Amores será aberta em 2006 a equipas universitárias transdisciplinares. Necessita que engenheiros, biólogos, sociólogos, artistas e outros formalizem as ideias deste projecto que pressupõe o recurso à nanotecnologia - a arte de montar a matéria, átomo por átomo -, e quer introduzir o uso de "novos materiais inteligentes". Os seus autores querem que venha a ser uma proposta para a candidatura aos JO de 2020.

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