Líquen 'obamae' e outras nomenclaturas curiosas
Sabia que existe uma espécie de líquen que recebeu o nome de caloplaca obamae? E uma espécie de planta do café com o nome científico starbuckii? Ou então uma vaca pré-histórica que recebeu o irónico epíteto mcdonaldae. Parece brincadeira, mas não é. Existem milhões de espécies no mundo e é complicado para os cientistas encontrarem nomes para todas as que são descobertas. Por isso, em rasgos de criatividade, aproveitam muitas vezes para homenagear pessoas ou simplesmente dar-lhes nomes que lembrem as suas características.
Em Portugal essa prática também é usual. "Dei o nome de metrarapdotus teixeirai a um fóssil que viveu na zona de Pombal há cerca de dois milhões de anos", conta ao DN o professor Galopim de Carvalho, que decidiu dar este nome ao fóssil em homenagem a Carlos Teixeira, que foi seu professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. "Classifiquei o fóssil enquanto estive em Paris a estagiar no Museu de História Natural e decidi homenagear o professor Carlos Teixeira, um dos nomes grandes da geologia portuguesa".
No campo da botânica, duas espécies também carregam homenagens no nome: a rosa albardeira é conhecida cientificamente por paonia broteroal, isto porque um dos maiores botânicos portugueses foi Avelar Brotero, que viveu entre 1744 e 1828. Já o líquen recebeu o nome de xanthoria resendei, a seguir a Flávio Resende, pioneiro da genética no nosso país.
Quem já recebeu inúmeras homenagens foi Sir David Attenborough. O famoso naturalista teve o seu nome dado a um lagarto pré-histórico, a uma vespa parasita, a uma equidna, a um peixe fossilizado e, agora, a uma planta comedora de ratos. Isso mesmo, quando muitos se poderia sentir repugnados por terem o seu nome associado a uma planta com um recipiente que consegue apanhar e prender roedores, Sir David ficou encantado que à planta tenha sido dada a classificação de nepenthes attenbogoughii. "Sempre gostei destas plantas estranha e esta é particularmente dramática", diz o britânico. Há também cientistas que tem uma fraqueza por celebridades, como um caracol marinho chamado bufonaria borisbeckeri, o escaravelho agra katewinsletae ou o dinossáurio masiakasaurus knopfleri. Os políticos também não escapam: agathidium bushi, aghatidium cheneyi e agathidium rumsfeldi, dados a três tipos de escaravelhos.