Linha de Sintra só terá mais comboios após obras a realizar até 2026
A linha de Sintra só poderá ter mais comboios depois das obras de alargamento do troço ferroviário entre Roma/Areeiro e Braço de Prata, de duas para quatro vias. Esta intervenção, a realizar até 2026, está estimada em 110 milhões de euros, e será anunciada nesta quinta-feira, 22 de outubro, ao abrigo do programa nacional de investimentos 2030 (PNI2030), apurou o DN/Dinheiro Vivo.
O troço Roma/Areeiro-Braço de Prata é o principal obstáculo para que a linha de Sintra tenha mais utilização. Atualmente, os comboios param em todas as estações de dez em dez minutos nas horas de ponta e ocupam toda a distância da plataforma. Na mesma linha, também circulam os comboios da linha da Azambuja e também os de longo curso vindos do norte e di sul do país.
Nos últimos meses, a gestora da rede ferroviária (IP) e a CP estiveram a avaliar a forma de aumentar a circulação de comboios nesta linha. Diariamente, há um total de 212 viagens nos dois sentidos. Só que as duas empresas públicas concluíram que não cabe nem mais um comboio com esta configuração, adiantou ao DN/Dinheiro Vivo fonte do Ministério das Infraestruturas e da Habitação. É insuficiente que o troço entre Areeiro e Agualva-Cacém tenha quatro vias.
A quadruplicação da linha do comboio entre Areeiro e Braço de Prata é vista como uma "condição essencial" para aumentar a capacidade da linha de cintura, no entender do Conselho Superior das Obras Públicas (CSOP). Entre os 13 projetos ferroviários propostos no PNI 2030, esta entidade independente atribuiu a segunda melhor classificação a estes trabalhos. Apenas recebeu mais pontos a construção de variantes para a linha do norte (ligação Lisboa-Porto).
Depois de estas obras ficarem concluídas, poderão circular, nos dois sentidos, 300 comboios por dia, entre Areeiro e Braço de Prata. Os utentes do comboio da Ponte 25 de Abril também ficarão a ganhar: Oriente passará a ser a estação terminal deste serviço - em vez do Areeiro - assim a Fertagus tenha mais material circulante. A Fertagus é a operadora deste comboio pelo menos até setembro de 2024.
Ao passar a ter quatro vias em vez de duas, calcula-se que o troço Areeiro-Braço de Prata consiga, em 2030, retirar 573 toneladas de emissões de dióxido de carbono ao transporte rodoviário.
Além das obras ferroviárias, este programa prevê investimentos para as estradas, os portos e a agricultura. Na primeira versão, de janeiro de 2019, estavam previstos investimentos de 21,9 mil milhões de euros, parte deles financiados com fundos comunitários.
As obras do PNI 2030 terão de ficar concluídas até ao final de 2030, mais três anos do que as intervenções previstas ao abrigo do plano de recuperação, cujo esboço foi entregue junto da Comissão Europeia na semana passada.
Diogo Ferreira Nunes é jornalista do Dinheiro Vivo