Liechtenstein já valeu um raspanete de Scolari e deixou Madaíl à beira de um ataque

Há 19 anos, a seleção empatou a dois golos em Vaduz no apuramento para o Mundial 2006. O então presidente da FPF chegou a dizer que era um escândalo e o pior resultado da história do futebol português.
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Portugal volta esta quinta-feira à noite a medir forças com o Liechtenstein, seleção de poucos recursos que ocupa a 200.ª posição do ranking da FIFA e que na atual fase de apuramento para o Euro2024 não soma qualquer ponto e leva já 25 golos sofridos e apenas um marcado em oito jogos. O historial de confrontos (sete vitórias em oito duelos) é claramente favorável à seleção nacional. Mas em outubro de 2004 aconteceu um percalço (um empate 2-2 em Vaduz), que levou na altura o selecionador Luiz Felipe Scolari a dar uma dura aos jogadores e deixou Gilberto Madaíl, então presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), à beira de um ataque de nervos.

O líder da FPF, que não esteve presente no jogo, fez questão de ir esperar a comitiva ao aeroporto no dia a seguinte e foi duro nas palavras, aludindo ao "pior resultado de sempre do futebol português". "É quase inacreditável pensar no que aconteceu. Ainda por cima, depois de chegarmos ao 2-0. Não há definição para o que se passou. O empate é um pouco escandaloso. Não é prestigiante. Aqueles dois golos já não se usam. Ninguém vai perder pontos no Liechtenstein", disse, irritado.

Madaíl deixou também um recado aos jogadores. "Devem fazer aqui o que fazem nos clubes: dar o máximo. É preciso que haja espírito de sacrifício e de conquista visto que todos beneficiarão de um eventual apuramento para o Mundial 2006. Sinto-me frustrado", atirou ainda, marcando para o dia seguinte uma reunião com os capitães Pauleta e Costinha: "No fundo, vou dizer-lhes que quando estão ao serviço dos seus clubes, das instituições que lhes pagam os ordenados, devem pensar exclusivamente nos clubes que representam e dar tudo por eles, e o mesmo deve acontecer quando estão na seleção."

Palavras duras que Cristiano Ronaldo fez questão de contrariar: "Às vezes não estamos à espera e estes resultados acontecem, mas não é nenhum escândalo", atirou na altura, enquanto Jorge Andrade confirmou que a ressaca do empate foi falado "numa terapia de grupo".

Antes de Madaíl, na véspera, após o jogo, Scolari já tinha lamentado o empate. E quando a equipa deixou o estádio em Vaduz, de autocarro, deu um enorme raspanete aos jogadores, entre eles Ronaldo, Deco, Costinha, Maniche, Simão e Pauleta. O selecionador terá até dito que estava envergonhado com o que se tinha acabado de passar em campo, exigindo uma resposta imediata.

A verdade é que essa resposta aconteceu mesmo. E quatro dias depois, em Alvalade, Portugal goleou a Rússia por 7-1 com uma exibição de luxo, num jogo onde Ronaldo e Petit bisaram, deixando bem encaminhado o apuramento para o Mundial 2006 (a seleção viria a apurar-se no primeiro lugar do grupo).

Para o modesto Liechtenstein, aquele dia 11 de novembro de 2004 ficou para a história e o empate a dois golos contra Portugal foi celebrado pelos jogadores como se de um título se tratasse. "A festa começou no campo, continuou no balneário e depois durou toda a noite. Fomos para a rua, estivemos num bar em Vaduz. Aliás, em vários bares", confidenciou ao site MaisFutebol o avançado Thomas Beck, autor do segundo golo do Liechtenstein, revelando ter sido "o mais importante" de toda a sua carreira.

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