Líderes europeus pressionados por resultado de eleições

Os dirigentes europeus estão hoje pressionados depois do avanço histórico dos eurocéticos nas eleições europeias de domingo. Um resultado que terão de ter em conta na forma de liderarem a União Eurooeia que começa a ser definida na reunião de terça-feira à noite em Bruxelas.
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Os chefes de Estado e de Governo dos 28 Estados membros reunem-se na terça-feira à noite em Bruxelas para analisarem os resultados das eleições de domingo, marcadas por uma clara rejeição das instituições europeias em vários países.

"Muitos partidos populistas, eurocéticos ou nacionalistas vão entrar no Parlamento Europeu. Em alguns países não tanto quanto se temia. Mas a França dá um sinal de alarme com a vitória da Frente Nacional", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, o social-democrata Frank-Walter Steinmeier.

Já o primeiro-ministro francês, o socialista Manuel Valls, afirmou-se "convencido que a Europa pode ser reorientada para apoiar mais o crescimento e o emprego, o que não faz há anos".

Um dia depois de umas eleições em que quase metade dos eleitores se absteve, o Parlamento Europeu surge mais fragmentado que nunca.

É verdade que os grandes partidos pró-europeus continuam largamente maioritários, mas perderam poder. O maior, o Partido Popular Europeu (PPE) consegue 214 eurodeputados, menos 59 do que em 2009. Já os socialistas e sociais-democratas, com 189, perdem sete lugares, muito devido ao descalabro do PS francês. Um resultado que só não é pior graças aos bons resultados do Partido Democrata do primeiro-ministro Matteo Renzi em Itália.

Os outros partidos pró-europeus também estão a cair, com os liberais a conseguirem 66 lugares, menos 17 que em 2009. Com 52 eurodeputados, os Verdes limitam os danos e perdem apenas cinco.

A esquerda radical, que apresentou o grego Alexis Tsipras como candidato à presidência da Comissão Europeia melhora a sua presença, muito graças à vitória do Syriza na Grécia. Passa para 42 lugares, mais sete que há cinco anos.

Sempre hostil a deixar o Parlamento escolher o próximo presidente da Comissão Europeia, o primeiro-ministro britânico David Cameron viu a sua posição reforçada pela vitória do Ukip no Reino Unido. Inquirido hoje sobre se tem alguma mensagem para Cameron, o luxemburguês Jean-Claude Juncker, candidato do PPE à sucessão de Durão Barroso e considerado demasiado "federalista" pelos britânicos, respondeu: "Não me vou ajoelhar diante de nenhum líder. Ganhei as eleições".

A chanceler alemã Angela Merkel, mais do que nunca vista como a patroa da União Europeia, nunca mostrou grande entusiasmo num Parlamento e uma Comissão capazes de se afirmarem em detrimento dos Estados. E pode aproveitar para impor o seu candidato.

Hoje, Merkel disse-se feliz com o "resultado sólido" dos seus conservadores na Alemanha e disse estar preparada para discutir o novo presidente da Comissão Europeia.

Na carta de convite aos dirigentes dos 28, o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, dizia ser "cedo demais" para falar em nome para a presidência da Comissão. Mas a verdade é que se há candidatos oficiais: Além de Juncker e Tsipras, Martin Schulz, Guy Verhofstadt e a dupla Ska Keller/José Bové, não falta quem fala na hipótese de surgir um oputsider. Entre os nomes que circulam está a atual diretora do FMI, a francesa Christine Lagarde, e a primeira-ministra dinamarquesa, Helle Thorning-Schmidt.

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