Líder do CDS anuncia moção de confiança à direção do partido

Francisco Rodrigues dos Santos anunciou esta terça-feira que vai apresentar uma moção de confiança à sua direção no Conselho Nacional. E atacou indiretamente o <em>challenger</em> Adolfo Mesquita Nunes.
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"Não desisto!". Foi assim, na sede nacional do CDS, no Largo do Caldas, que o presidente do CDS respondeu aos que desafiam a sua liderança, entre eles Adolfo Mesquita Nunes. Francisco Rodrigues dos Santos anunciou que irá apresentar no Conselho Nacional do partido uma moção de confiança à direção. "O caminho está certo e vai dar frutos", garantiu.

Sem nunca mencionar o nome do antigo vice-presidente de Assunção Cristas, Francisco Rodrigues dos Santos foi para ele que dirigiu as palavras amargas. Acusou a anterior direção, da qual Adolfo Mesquita Nunes fez parte, de ter deixado o CDS "arruinado e desacreditado", um CDS que diz estar a "reerguer".

O líder centrista relembrou que foi eleito há um ano para um mandato de dois "pelos militantes" centristas e escudou-se nas eleições regionais dos Açores, em que o CDS conseguiu integrar a coligação de governo com o PSD, para justificar que tem conseguido levar o partido a bom porto. "Precisamos de uma estrutura saudável, unida e forte", frisou.

"Não abandonei o partido depois do pior resultado da sua história", disse, remetendo para o resultado das legislativas de 2019, que deram ao CDS apenas 4,22% dos votos. Disse que posiciona o CDS na oposição ao governo socialista "sem ambiguidades", num momento em que os portugueses se "espantam todos os dias" até com escândalos do governo socialista. "O Plano de Vacinação envergonha-nos", afirmou. "Estamos no pior momento do governo socialista, pior do que se poderia imaginar", acrescentou.

Reconheceu que há demissões na direção do partido, mas assegurou que irá reforçar os lugares, até porque garantiu que em "ampla consulta" ao CDS "há muitos que querem reforçar o projeto".

"Comigo haverá sempre um CDS sem mutações nem desvios de identidade", disse ainda, "um partido nacional e que não se reduzirá a um pequeno grupo da capital". Mais uma farta a Adolfo Mesquita Nunes, que se prolongou com a ideia de que dirigirá sempre um partido "incómodo que ergue um muro entre a política e os negócios". Isto depois de Adolfo Mesquita Nunes ter passado pela Galp.

O Conselho Nacional do CDS vai reunir extraordinariamente no dia 6 de fevereiro, por videoconferência, a partir das 11:00, com o ponto único de discussão e votação da Moção de Confiança à Comissão Política Nacional.

O espaço de manobra do líder centrista é cada vez mais reduzido. Do seu núcleo duro já se tinham demitido Filipe Lobo D'Ávila, Isabel Menéres Campos e Raúl Almeida. E esta terça-feira foi a vez de José Miguel Garcez bater com a porta à Comissão Executiva do CDS, como noticiou o Expresso.

Estas demissões surgem na sequência do anúncio do antigo vice-presidente do CDS, Adolfo Mesquita Nunes, ter dito que será candidato à liderança do partido caso seja marcado um congresso antecipado, em entrevista ao jornal Público.

"Se o partido entender que deve haver um congresso eletivo para discutirmos a liderança do partido, serei candidato a presidente do CDS", afirma o centrista.

Num artigo de opinião publicado na quarta-feira (27 de janeiro) no jornal online Observador, o antigo secretário de Estado propôs a realização de um Conselho Nacional para convocar eleições antecipadas para a liderança ainda antes das eleições autárquicas, e defendeu que esta direção "não conseguirá" resolver "a crise de sobrevivência" do partido.

Nesse texto, não adiantava se seria candidato a suceder ao atual presidente, Francisco Rodrigues dos Santos, eleito há um ano para um mandato que termina em 2022.

Na entrevista ao Público, Adolfo Mesquita Nunes quebra o tabu e explica que "esta não era uma decisão expectável" na sua vida e lembrou que "ainda há dois anos tinha dito que não queria fazer da política" a sua vida profissional.

Adianta também que, apesar de o diagnóstico ser "do começo do ano", esta decisão "surge a seguir às presidenciais", porque entendeu que não podia avançar para a liderança do CDS-PP "enquanto estivesse a decorrer um processo eleitoral".

O antigo deputado justifica que "tem havido um processo de degradação da imagem, da eficácia da mensagem e da liderança do CDS" e reiterou o que tinha escrito no artigo de opinião, que "o partido tem muito pouco tempo para reverter esse processo" e por essa razão se impõe a realização de "um congresso extraordinário agora", enquanto "é possível inverter esse percurso".

"Isso é possível fazer com uma liderança que seja carismática, agregadora, reconhecida, e que seja capaz de chamar os rostos do partido e somar novos rostos, para representar aquilo que é o espaço político que o CDS ocupou e sempre quis ocupar", defende o antigo vice-presidente do partido.

Adolfo Mesquita Nunes defende igualmente que o partido "precisa de um líder que consiga colocar o CDS de novo no mapa", que "some e agregue", e salienta que "o CDS está de volta e o país vai saber disso".

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