Líder de Hong Kong diz que rendição dos estudantes é a única solução pacífica possível

Cerca de 100 manifestantes ainda permanecem escondidos na Universidade Politécnica, uma das maiores no território. Entretanto, a China fez saber que condena a decisão do Supremo Tribunal de Hong Kong em declarar inconstitucional a proibição de máscaras nos protestos. E também mudou o chefe da polícia local
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A chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, disse esta terça-feira que a única solução pacífica para o caos vivido na Universidade Politécnica é a rendição dos manifestantes que continuam escondidos nas instalações.

"Este objetivo só pode ser alcançado com a plena cooperação dos manifestantes", afirmou Lam, em conferência de imprensa.

A chefe do executivo sublinhou que os manifestantes devem "entregar as armas e sair pacificamente enquanto ouvem as instruções da polícia".

Foram as primeiras palavras de Carrie Lam sobre o caos vivido na Universidade Politécnica desde domingo, naquele que já é o episódio mais violento desde o início dos protestos, em junho.

Lam estimou que cerca de 100 manifestantes estão ainda escondidos naquela universidade, uma das maiores do território, na área de Kowloon.

Polícia detém 400 manifestantes

Por outro lado, Lam indicou que 600 pessoas já deixaram o 'campus' universitário, incluindo 200 menores. Quer isto dizer que 400 manifestantes que se entregaram às autoridades foram detidos, informou a chefe do executivo de Hong Kong, Carrie Lam.

A polícia cercou nos últimos dias a Universidade Politécnica, tendo recorrido a balas de borracha, a granadas de gás lacrimogéneo e a canhões de água para conter a fuga dos manifestantes, que responderam com bombas incendiárias de fabrico caseiro, tijolos e flechas.

Lam assinalou que os menores de 18 anos não serão detidos no imediato, mas avisou que podem enfrentar acusações mais tarde.

Os episódios de violência aumentaram em Hong Kong depois de um jovem ter sido baleado pela polícia e de um manifestante pró-Pequim ter sido incendiado.

Como medida de precaução, as escolas voltam a estar fechadas esta terça-feira. A circulação ferroviária está condicionada e há várias estradas encerradas.

Parlamento chinês trava decisão de Supremo Tribunal de Hong Kong

Na segunda-feira, o Supremo Tribunal de Hong Kong declarou inconstitucional a proibição do uso de máscaras durante os protestos, uma decisão que foi contestada na madrugada desta terça-feira pelo parlamenmto chinês.

"A decisão do Supremo Tribunal de Hong Kong enfraquece seriamente a governação da chefe do executivo e do governo da RAE [Região Administrativa Especial]", afirmou o porta-voz da Comissão de Assuntos Legislativos da Assembleia Nacional Popular (ANP) Jian Tiewei, citado pela imprensa oficial chinesa.

Jian Tiewei afirmou que apenas a ANP tem o poder de decidir se uma lei está ou não em conformidade com a Lei Básica de Hong Kong.

"Nenhuma outra instituição tem o direito de fazer um julgamento ou tomar uma decisão", sublinhou.

Na segunda-feira, o Supremo Tribunal da região administrativa especial chinesa declarou inconstitucional a "lei anti-máscara", que entrou em vigor a 5 de outubro passado, medida decidida pelo governo de Carrie Lam para tentar "acabar com a violência e restaurar a ordem", devido à "situação de grande perigo público" que se vive no território há mais de cinco meses.

Na decisão, o Supremo Tribunal de Hong Kong afirmou que a proibição das máscaras é inconstitucional por impor mais restrições do que as necessárias aos direitos fundamentais da população.

China substitui chefe da polícia

Também na madrugada desta terça-feira, a China decidiu mudar o chefe da polícia de Hong Kong. Chris Tang foi o escolhido para ocupar o cargo, avança a Reuters, que cita a agência de notícias estatal chinesa Xinhua.

"Há uma escala massiva da violação da lei em Hong Kong e há um setor da comunidade que apoia a atividade ilegal", alertou Chris Tang nuam breve aparição pública. Afirmou ainda que as "notícias falsas" estão a minar a reputação da polícia de Hong Kong, que, defendeu, era conhecida como uma das melhores forças policiais da ásia.

ONU condena a violência e apela à calma

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os direitos humanos já veio condenar esta terça-feira a escalada de violência nas ruas de Hong Kong. Considerou "profundamente lamentáveis" e "imperdoáveis" os atos de extrema violência, inclusive os que têm sido direcionados contra a polícia.

Rupert Colville, porta-voz da ONU, pediu às autoridades de Hong Kong o controlo da situação que se vive na Universidade Politécnica, nomeadamente a situação humanitária "claramente deteriorada" dos manifestantes que estão barricados no campus universitário.

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