Levadas impulsionam turismo madeirense

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Antes da chegada dos europeus à ilha da Madeira, esta já era conhecida por outros povos, conforme atestam as cartografias denominadas Libro del Conocimiento (1348-1349), em que se informa serem as mesmas desabitadas, tendo o seu povoamento sido iniciado em 1425. Pela sua proximidade da costa de África, oferecia grandes potencialidades económicas, destacadamente a agricultura.

No ano de 1419, os portugueses Tristão Vaz Teixeira, Bartolomeu Perestelo e João Gonçalves Zarco, chamaram ao local "Madeira" entusiasmados pela abundância da vegetação ali existente. Curiosamente, o navegador português Pedro Teixeira, em 1637, denominou de "rio Madeira" um dos maiores afluentes do rio Amazonas, devido o volume de madeiras que ali encontrou. Funchal, a capital madeirense, tem o seu nome originado da palavra "funcho", planta nativa do arquipélago que era empregada na medicina natural, atualmente utilizada na apresentação de rebuçados. Outro produto exitoso foi o açúcar exportado para o Brasil, cuja cultura bem-sucedida naquelas terras causou para a Madeira um declínio que, para se soerguer, iniciou no século XVII a produção do vinho, incrementando a economia com sucesso.

No peinxípio do século XIX, dá-se o início do turismo tendo como ponto de partida a recetividade à aristocracia europeia que ali fixou residência. A partir de então, a atividade turística desenvolve-se tendo como uma das principais distrações as levadas, cuja finalidade é transportar pessoas e objetos, constituindo-se num dos polos atrativos da Pérola do Atlântico. Criadas no século XVI para aviar as culturas de açúcar, bananas e uvas no trecho do chuvoso norte para o seco e soalheiro sul da ilha, expandiu-se sendo nos dias atuais um dos suportes do turismo local.

Os pioneiros na escavação dos penhascos foram os primeiros colonos que construíram na sólida rocha os canais e túneis com inclinação para a fluição da água. O lavadeiro é uma das profissões mais antigas da Madeira. Atualmente, estes profissionais são os responsáveis pela abertura e fecho das adufas no controlo do caudal nos seus 2500 quilómetros de levadas na ilha. Passeios ao longo dos canais constituem uma experiência agradável e relaxante proporcionada pela exuberância da natureza, onde se pode vislumbrar as cascatas, apreciar as cachoeiras e ver na corrente das águas a agitação das ondas, possibilitando conhecer vários pontos inacessíveis, diferente do percurso rodoviário.

Existe uma gama de atividades turísticas no arquipélago tais como passeios hípicos, de bicicleta, golfe, caminhada a pé, visita aos monumentos históricos. O Bailinho da Madeira, Festival Literário, Madeira Filme Festival, Desfile Carnavalesco, Festa das Flores, Baile da Passagem de Ano, Festa dos Santos Populares, Funchal Jazz Festival, Rally Vinho da Madeira, Festival de Teatro, Música nas Capelas e Festa da Vindima são também algumas referências.

A gastronomia, famosa pelo seu paladar inconfundível, não deixa ninguém indiferente. Difícil é escolher o que comer: polvo à Madeira, lapas (especialidade do Porto Moniz), sopa de tomate e cebola, carne de vinho e alhos, atum e peixe-espada preto com banana ou maracujá, lapas à moda da Madeira e bacalhau em várias apresentações, sempre acompanhados do tradicional vinho da Madeira e do saboroso bolo do caco. Imperdível a sobremesa, em que pode optar por queijada, bolo de mel, broa de mel, escangalhado de fruta, salada de fruta e castanhas de ovos, entre outras especialidades. O visitante não se pode esquecer de saborear o refresco Nikita, feito com cereja, sumo de ananás, sorvete de baunilha e pedaços de ananás. Nas tardes ensolaradas vale experimentar as ponchas feitas com fruta, ao gosto do cliente.

A ilha da Madeira ocupa posição de relevo no calendário mundial das atividades turísticas com realce para as levadas pelo prazer que proporcionam a quantos desfrutam desse passeio no arquipélago madeirense.

Revista Pará+, Brasil

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