Leões africanos: Sobrevivência em risco com diminuição da diversidade genética

Novo estudo volta a fazer soar as campainhas quanto aos perigos de extinção do felino. O rei da selva perdeu diversidade genética e está cada vez mais vulnerável
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No final do século XIX as savanas africanas eram povoadas por cerca de 200 mil leões. Mas a presença do rei da selva foi diminuindo drasticamente ao longo dos anos e se até aqui se apontavam as culpas aos caçadores furtivos e aos colonos, agora descobriu-se que há outra razão - há 100 anos os leões tinham mais diversidade genética, logo mais capacidade de resistir a doenças e outras adversidades.

O novo estudo revela que os leões capturados por caçadores há mais de 100 anos tinham uma maior paleta genética que os atuais felinos africanos. Os investigadores dizem que esta descoberta é preocupante porque indica que a luta das espécies pela sobrevivência pode ser ainda mais difícil do que se esperava.

"A perda de diversidade genética significa que os leões agora são menos capazes de suportar novas doenças ou problemas ambientais, como ondas de calor ou secas", disse o principal autor do estudo Simon Dures, da Zoological Society of London. "Isso significa que teremos que ser ainda mais cuidadosos sobre como tentamos protegê-los", adiantou citado pelo The Guardian.

Para chegar a esta conclusão, os cientistas usaram duas fontes de ADN de leão. A primeira veio de amostras retiradas de leões selvagens na zona do Kavango-Zambeze - uma vasta região que se estende pelo Botswana, Namíbia, Zâmbia e Zimbábue. É uma das maiores áreas remanescentes na África, onde os leões podem viver em estado selvagem, refere o jornal britânico.

Por outro lado, a equipa - que junta especialistas da Grã-Bretanha, Botswana, África do Sul e Namíbia - retirou ADN de amostras de pele e osso de espécimes mantidos no Museu de História Natural. Trata-se de leões que foram doados ao museu por exploradores e caçadores entre 1879 e 1935.

"O que descobrimos foi impressionante", disse Dures. "A diversidade genética da população moderna de leões foi reduzida em cerca de 15%." As consequências são preocupantes. Com uma alta diversidade genética, qualquer população animal possui uma seleção mais ampla de diferentes versões de genes do que uma população com esses níveis mais baixos. Logo, tem mais capaz para lidar com mudanças ambientais, doenças e outras ameaças. Os atuais leões estão em desvantagem.

Um estudo com cerca de dois anos alertava para o risco de extinção dos leões africanos com dados alarmantes: dos 20 mil leões que ainda habitam o continente africano, quase metade pode desaparecer dentro de 20 anos, segundo a investigação publicada pela revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências.

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