Leiloeiras, em Portugal e no mundo, querem um 2016 igual a 2015. A crescer
A leiloeira de origem britânica Sotheby"s fecha 2015 com 79 lotes vendidos por mais de 10 milhões de libras (13,7 milhões de euros) e mais 11% de clientes do que em 2014, tendência que quer manter no próximo ano. A outra é esta: terem cada vez mais interessados de diferentes partes do mundo.
As estatísticas da casa dizem que receberam propostas de 136 países. Entre eles, Qatar, que se tem destacado na lista de grandes compradores. "Pela sua aposta nas instituições culturais e pela política de aquisições forte e corajosa", avalia João Magalhães, funcionário da Sotheby"s, em Londres, e especialista em mobiliário europeu.
Da China veio outro grande comprador, Liu Yiqian - taxista que se tornou milionário e grande colecionador de arte. Arrematou Nu Couché (1917), de Amedeo Modigliani, na Christies, no dia 9 de novembro, por 170,4 milhões de dólares (157 milhões de euros). É o segundo quadro mais caro de sempre, atrás de Les Femmes d" Alger (version O), vendido a 11 de maio pela Christie"s de Nova Iorque por 179,4 milhões de dólares (165 milhões de euros) - o último quadro de uma série de 15 pintados por Pablo Picasso, que prova a tese defendida tanto por João Magalhães em Londres como por Miguel Cabral Moncada, proprietário da leiloeira portuguesa com o mesmo nome, em Lisboa. Há sempre espaço para obras de "grande qualidade". "[Numa] obra rara em bom estado vai haver uma mão-cheia de clientes a lutar por ela", avalia o colaborador da Sotheby"s.
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Portugal "tem um peso interessante mas limitado no contexto global da nossa operação", constata João Magalhães. O mercado nacional, ao contrário do internacional, não está em expansão, segundo Cabral Moncada. "Não acredito, na fase atual do mercado de arte em Portugal, em grandes recordes. Tal só será possível em obras mestras destes artistas que possam aparecer no mercado de arte, como aconteceu neste ano de 2015", responde ao DN.
Mas, a aparecerem recordistas, serão "os mesmos dos últimos anos": Júlio Pomar, Vieira da Silva, Paula Rego, Carlos Botelho, Manuel Cargaleiro; e, nos modernistas, Almada e Eduardo Viana. Não nos devemos esquecer de alguns naturalistas como Malhoa, Columbano ou Silva Porto. O leiloeiro faz outra ressalva: "O mercado de arte em Portugal está cada vez mais dependente dos estrangeiros e daquilo que nele aparecer com interesse internacional."