Leilão decidirá qual o primeiro navio a cruzar novo canal do Panamá
No site oficial do alargamento do canal do Panamá, um gráfico segue o andamento das obras: o projeto está 95,9% completo, mas o aparecimento de fissuras na nova eclusa do lado do Pacífico obrigou a trabalhos extra. Já com um atraso superior a um ano em relação ao cronograma inicial, ainda não é certo que a inauguração possa ser em abril de 2016. Mas uma coisa é certa: o primeiro navio a cruzar o novo canal será escolhido através de um leilão.
"Recebemos tantos pedidos dos nossos clientes e todos são bons clientes. É difícil para nós escolher um", disse ao jornal The Miami Herald o administrador do canal do Panamá, Jorge Quijano. "Haverá um leilão para determinar qual será o primeiro navio a fazer a passagem", acrescentou. A 15 de agosto de 1914, o SS Ancon (que durante as obras de construção transportou toneladas de cimento) foi o primeiro navio a cruzar oficialmente o canal do Panamá.
Mais de um século depois, as obras de alargamento do canal por onde passa 6% do comércio mundial estão na reta final. A inauguração estava prevista inicialmente para outubro de 2014, mas sucessivos problemas (incluindo greves e uma disputa contratual entre a administração do canal e o consórcio responsável pelas obras) obrigaram a adiar para abril de 2016. Os problemas nas eclusas fazem que seja difícil confirmar essa data, falando-se já que a inauguração poderá só ocorrer em junho.
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O canal de 80 quilómetros, que liga o oceano Atlântico ao Pacífico, esteve sob controlo norte-americano entre 1904 e 2000. Em 2007, foi lançado o programa de alargamento, que previa a construção de um terceiro jogo de eclusas que permitirá a travessia dos navios Post-Panamax (conhecidos por este nome precisamente por não caberem no atual canal). Estes navios podem transportar até 12 mil contentores de seis metros de comprimento e são três vezes maiores do que os que podem atualmente fazer a travessia. Quando o canal estiver pronto, lidará com 600 milhões de toneladas de carga por ano, o dobro da atual capacidade.
Sines
O canal pode ser no Panamá, mas o porto de águas profundas de Sines quer beneficiar do alargamento, posicionando-se como "porta de entrada" na Europa. "Uma vez concluída a expansão do canal do Panamá, Portugal vai ser uma das economias que mais vai beneficiar", disse em 2013 o então presidente Ricardo Martinelli, de visita a Portugal. O problema é que ainda não está concluída a nova ligação ferroviária a Espanha que permitirá o transporte de mais mercadorias.