Legos para nova obra de Ai Weiwei chegam via internet

Lego recusou peças ao artista chinês. Hoje de manhã lançou apelo e já reuniu as peças necessárias
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O artista dissidente chinês Ai Weiwei anunciou que vai poder realizar o seu novo projeto de obra em Lego dado o sucesso da recolha de peças do brinquedo lançada depois de o fabricante dinamarquês ter recusado um pedido seu.

Ai Weiwei, que lançou hoje de manhã o apelo para doações de blocos de Lego na sua conta da rede social de partilha de fotografias e vídeos Instagram, já recebeu promessas suficientes por parte dos internautas para poder realizar o seu projeto na Austrália, indicou num encontro com a imprensa em Berlim, onde reside desde o início de agosto, e onde hoje foi apresentado como professor convidado na Universidade de Artes de Berlim.

"A Internet é um pouco como uma igreja moderna. Vai-se ver o padre, dá-se-lhe conta do nosso sofrimento e todos os membros da comunidade podem participar e, talvez, encontrar uma solução", disse, segundo declarações divulgadas em alemão pela agência DPA.

O futuro projeto australiano de Ai Weiwei é semelhante ao que criou o ano passado na antiga prisão norte-americana de Alcatraz, onde utilizou blocos Lego para produzir retratos gigantes de dissidentes políticos do mundo inteiro.

No fim de semana, Ai disse que o grupo Lego tinha recusado fornecer-lhe as peças necessárias por "não poder aprovar a utilização [dos seus blocos de construção] para obras políticas".

Em resposta, o artista anunciou no Instagram a instalação de "pontos de recolha em diferentes cidades" e numerosos fãs propuseram imediatamente, na Internet, dar os seus próprios Lego.

Ai Weiwei já chamou a atenção para o facto de a empresa britânica que possui e explora os parques de diversões Legoland, a Merlin Entertainments, ter anunciado a semana passada um projeto de um novo parque em Shanghai, durante a visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao Reino Unido.

Pintor, escultor e artista plástico, Ai é igualmente conhecido pelas suas críticas do governo chinês.

Em 2011 esteve detido sem julgamento 81 dias, acusado de fraude fiscal, e foi-lhe exigido o pagamento de 1,7 milhões de euros por alegada evasão fiscal, valor que pagou com a ajuda de contribuições de seguidores e amigos.

O clima de confronto com o governo chinês parecia ter-se apaziguado ultimamente e o artista recuperou o passaporte em julho, após uma confiscação de quatro anos.

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