Legislativas e a nova vaga de covid
Eleições à porta! Depois do parecer favorável do Conselho de Estado às eleições antecipadas, o Presidente da República anunciou ontem à noite a data, 30 de janeiro, e o país encaminha-se agora para mais uma campanha eleitoral. Os partidos vão esgrimir argumentos, em tempo recorde, para conquistar a governação. Face à crise política a que assistimos, renova-se a urgência de uma clarificação. Os portugueses querem e merecem saber para onde caminha o país e com quem. Os cidadãos não têm medo de ir às urnas.
Espera-se que, desta vez, haja mais confiança e segurança sanitária para o momento em que decorrerá o ato eleitoral por comparação com as últimas eleições presidenciais. Nesse terrível mês de janeiro, ao dia 24, a pandemia era galopante e temia-se uma abstenção ainda maior. Ninguém esquece o terrível Natal da pandemia, em que os contágios dispararam e os mortos se acumularam em todo o país. Ontem, em Portugal, os casos de infeções por covid-19 chegaram a 1382. Eram 73 doentes em cuidados intensivos, mais seis do que no dia anterior. Os números são já preocupantes. Não fosse a elevada taxa de vacinação no país e estaríamos de novo confinados.
A temível quinta vaga de covid-19, de que já falam os médicos mais conceituados, aproxima-se a passos largos. Matematicamente não vamos escapar, apontam. Podemos é defender-nos antecipadamente se se avançar com a terceira dose da vacina para os mais velhos e os mais vulneráveis e expostos, onde se incluem médicos, enfermeiros e auxiliares de ação médica.
A pandemia teme em não dar tréguas também lá fora.Depois de, em outubro, o Reino Unido ter registado 52 mil casos num só dia, agora é a Alemanha que está a passar todas as linhas vermelhas. O ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, alertou nesta semana que o país está a atravessar uma pandemia "massiva" de não vacinados contra a covid-19. E acredita que a nação teria menos doentes com covid-19 nas unidades de cuidados intensivos se mais pessoas se deixassem vacinar. Os negacionistas continuam a dificultar a luta contra este vírus nada "bonzinho", como alguns acreditavam ser. Ao longo dos últimos dias, várias clínicas alemãs lançaram o alarme sobre o número crescente de pacientes que sofrem de covid-19 nas enfermarias. Só na quarta-feira eram 2220 os doentes em cuidados intensivos, ou seja, o número mais alto desde o início de junho.
Só nos últimos sete dias, 666 pessoas morreram de covid-19 no país de Angela Merkel, um pouco mais do que na mesma semana de há um ano. "Assustador", foi assim que Lothar Wieler, chefe da agência de controlo de doenças (Instituto Robert Koch) da Alemanha, descreveu o recente pico nas taxas de infeção. Uma palavra forte que faz antever o difícil outono-inverno em termos sanitários.
Em Portugal, os decisores políticos em exercício, sobretudo os que têm em mãos a pasta da Saúde, devem atuar com urgência e determinação na prevenção da próxima vaga. Se, como têm alertado os médicos, o Natal se prepara hoje; a afluência às urnas nas eleições legislativas também.