Legionela: Identificados outros 7 pontos onde também pode ter começado surto

O mais provável é que o surto tenha tido origem no hospital, onde já foram encerradas três torres de arrefecimento
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As autoridades identificaram nas redondezas do Hospital S. Francisco Xavier, em Lisboa, onde houve um surto de legionela, pelo menos sete equipamentos potencialmente produtores de aerossóis e onde poderá também ter começado o surto que já matou duas pessoas e infetou, segundo o balanço mais recente (das 12:45 de hoje) um total de 34 pessoas.

Segundo o presidente dos Serviços de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH), a maior probabilidade é que o surto tenha origem nas instalações do hospital, mas por precaução a Administração Regional de Saúde (ARS) e o delegado de saúde fizeram o levantamento dos equipamentos potencialmente geradoras de aerossóis para fazer análises.

Em declarações à Lusa, Paulo Correia de Sousa afirmou que a atividade dos SUCH se circunscreveu às instalações do Hospital S. Francisco Xavier, mas que deram "um contributo para ajudar a identificar quais os equipamentos que eram potencialmente produtores de aerossóis", os únicos que podem levar à transmissão da bactéria.

"De início eram 14 e depois foram reduzidos para sete pontos, mas não sei nem onde estão nem o trabalho ali feito", disse o responsável, explicando que tal tarefa é da responsabilidade do delegado de saúde e da ARS.

Três torres de arrefecimento desligadas

No hospital já só funciona uma das quatro torres de arrefecimento. Na sexta-feira, quando houve o alerta de três situações, "encerrámos os equipamentos potencialmente geradores de aerossóis, emissores de gotículas, sem desativar o hospital", disse Correia de Sousa, explicando que das quatro torres de arrefecimento do hospital foram encerradas três (que ainda se mantêm desligadas) e a outra foi "tratada", mas, como o bom funcionamento da unidade hospitalar depende dela, ficou a trabalhar.

"As medidas curativas de choque recomendadas são químicas e térmicas e isso fizemos na sexta-feira e sábado durante todo o dia a estas instalações que têm de ficar a trabalhar, assim como a toda a rede de águas", explicou o responsável dos SUCH, sublinhando que ainda hoje três torres estão desligadas porque não são essenciais para o hospital funcionar, uma vez que trabalham com equipamento de produção de energia.

À espera dos resultados de análises

O presidente dos SUCH explicou que desde sexta-feira que as equipas destes serviços estão no S. Francisco Xavier a debelar a fonte que julgam ser a origem do surto. "Estamos à espera dos resultados das análises feitas antes dos choques térmicos e químicos e depois (na sexta-feira, sábado e segunda-feira). Aliás, eles estão a ser alargados a outras unidades do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental [CHLO] de forma cautelar", acrescentou.

Este surto de legionela, que de acordo com as informações conhecidas até hoje de manhã infetou 30 pessoas, já provocou a morte a duas delas. No entanto, o hospital continua a funcionar normalmente e com todos os serviços abertos.

A única mudança refere-se aos doentes encaminhados pelo INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) e que desde sábado estão a ser referenciados pelo organismo para outras unidades de saúde.

Segundo informou hoje a Direção-Geral da Saúde (DGS) e o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA), até às 12:00 tinham sido diagnosticados 34 casos de Doença dos Legionários com possível ligação epidemiológica ao Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO) -- Hospital de São Francisco Xavier, mais quatro casos do que o anterior balanço.

Só um teve alta

Destes 34, dois morreram, um teve alta e os restantes encontram-se internados. Todos os infetados com a bactéria têm doenças já existentes. Destes casos, 22 são em mulheres. No que respeita a idades, 23 casos correspondem a pessoas com idade superior ou igual a 70 anos.

"Os doentes são, na sua maioria, idosos com fatores de risco associados, nomeadamente doenças crónicas graves e hábitos tabágicos", indicava um comunicado anterior assinado pela diretora da DGS, Graça Freitas, e pelo presidente do INSA Ricardo Jorge, Fernando Almeida.

A legionela é uma bactéria responsável pela doença dos legionários, uma pneumonia grave. A infeção transmite-se por via aérea (respiratória), através da inalação de gotículas de água ou por aspiração de água contaminada.

Apesar de grave, a infeção tem tratamento efetivo.

(Notícia atualizada às 13:00 com número de casos e com clarificação relativamente ao encerramento das torres de arrefecimento)

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