Leão já saiu sedado da jaula e Jesus fez papel do domador
Sporting entrou passivo e não mostrou capacidade de resposta em Belém
O Sporting voltou ontem a mostrar a cara habitual sempre que sai da jaula de Alvalade: passividade perante o que o jogo quis dar-lhe, incapacidade de resposta à teia táctica montada pelo adversário e, depois, de mostrar qualquer coisa que se pareça com manobra colectiva. Um golo de Zé Pedro, aos 36', no último remate feito pelo Belenenses no jogo, deu expressão a uma vitória justa dos azuis sobre um leão que parecia sedado. E nem as duas bolas enviadas pelo Sporting aos postes - ambas em livres directos - servem para iludir a realidade: o Sporting jogou mal demais para andar a pensar em Ligas dos Campeões.
Muito da história do jogo passou pela forma como Jorge Jesus montou a sua equipa. O treinador do Belenenses optou por um 3x5x2 pouco habitual, mas que lhe serviu para avançar as zonas dos duelos para o meio-campo adversário: Mano e Alvim, os dois alas, confrontavam-se com os laterais leoninos mais à frente e tapavam o caminho às diagonais habituais de Romagnoli e Moutinho. E Amorim e Zé Pedro ganhavam certeza de passe ao não terem que se preocupar tanto com a largura das movimentações, pois as alas já estavam ocupadas. É verdade que, entrando muito retraído, o Sporting também facilitou a tarefa ao adversário: não havia pressing, o Belenenses podia sempre dar-se ao luxo de perder a bola e recuperar as sobras para continuar a progressão. Daí que, com excepção de um belo trabalho de Vukcevic aos 22', tenha sido do Belenenses quase toda a primeira parte. Com a particularidade de a zona frontal aos centrais estar sempre desguarnecida em transições rápidas, possibilitando remates livres a Zé Pedro. E o esquerdino do Belenenses começou por atirar para fora, aos 34', chutou depois por cima da baliza, aos 35', e fez mesmo golo, aos 39'.
Foi o fim do Belenenses em termos ofensivos. Na 2.ª parte, a equipa leonina melhorou com a troca do inexistente Izmailov por Tiuí e, depois, de um Abel ainda fora de forma por um Pereirinha muito mais rápido. Mas foi nesse 2.º tempo que também se viu a incapacidade de construção colectiva do Sporting, que precisou de 32' para fazer o primeiro remate em futebol corrido. Antes disso, aos 55', Ronny já chutara ao poste de livre directo, como haveria de fazê-lo Veloso já em descontos, mas em jogo-jogado só um contra-ataque de Celsinho, aos 78', valeu um primeiro remate. Torto, como quase toda a exibição do Sporting.