Le Corbusier no Pompidou: tudo à medida do Homem
Há um momento na exposição de Le Corbusier (Mesures de L"Homme) no Centro Pompidou, em que o mais leigo, mais desprendido e menos sensível à sua extraordinária "geometria humana" se vê forçado a ceder diante do génio.
Se estiver a seguir o percurso determinado pela mostra já terá contactado com o pintor e escultor, com o intelectual (parceiro de tertúlias e ensaios de Paul Dermée, Louis Aragon, Jean Cocteau, Charles Henry, Theo van Doesburg, Adolphe Loos e até Auguste Lumière, todos reunidos na revista L"Esprit Nouveau, fundada em 1920 como uma plataforma de debate da Estética), com o poeta, com o arquiteto e urbanista.
Mas, nessa ocasião, dá-se de caras com o esplendor da modernidade e, em simultâneo, com o rigor da simplicidade, quando revemos algumas das suas propostas para o equipamento da casa: cadeiras, mesas, camas, tudo parte do metal, nalguns casos ajustável, para obter aquilo a que o autor chama "o grande conforto".
Um sofá de 1928 e uma chaise longue basculante de 1928-29 provoca um desejo de experimentação - obviamente impossível - e a certeza de que, também na área do design, Le Corbusier foi um visionário.
Meio século após a sua morte, Charles-Édouard Jeanneret-Gris (1887-1965), nascido na Suíça mas com nacionalidade francesa a partir de 1930, reforça nesta mostra a ideia de merecer um lugar de primazia entre os grandes arquitetos do século XX.
Em cerca de 300 peças, que vão de cartas e poemas às suas espantosas maquetes, traduções felizes de uma evolução constante mas que nunca trai os seus princípios básicos, de quadros a esculturas, de muitos estudos - com destaque para os que dizem respeito ao Modulor, ponto de partida para a esmagadora maioria dos trabalhos arquitetónicos - a várias fotografias e diversos filmes, fica demonstrada a dimensão renascentista de alguém que nunca deixou de colocar o Homem no centro das suas preocupações e na base do seu modus operandi.