Laura Antonelli: morreu a musa infeliz do cinema erótico italiano
Celebrizada por comédias eróticas como A Minha Mulher É Um Violonsexo (1971), de Pasquale Festa Campanile, Malícia (1973), de Salvatore Samperi, ou Esposamente (1977), de Marco Vicario, a atriz italiana Laura Antonelli foi encontrada morta pela sua empregada na manhã de ontem, na sua casa de Ladispoli, nos arredores de Roma. Segundo o jornal Corriere della Sera, os serviços sociais locais indi-caram que foi vítima de enfarte. O diário de Milão terá condensado de forma exemplar os contrastes da sua existência, titulando: "Morreu a diva atormentada."
Tinha 73 anos (nasceu na cidade de Pola, a 28 de novembro de 1941) e, de facto, abandonara o cinema em 1991, ano em que surgiu em Malícia 2000, filme que, de novo sob a direção de Salvatore Samperi, procurava relançar a simbologia erótica de Malícia. Com o seu jogo calculado de nudez exposta e nudez sugerida, Malícia tipificava, afinal, uma linha temática de muitas comédias (italianas e não só) da década de 70: Antonelli era a mulher que, através da sua sedução "natural", se revelava capaz de abalar o equilíbrio do tradicional espaço familiar, de alguma maneira iniciando os mais jovens nos enigmas do sexo e do prazer. Vale a pena recordar que, no contexto português, Malícia, lançado em maio de 1974, acabou por ser um dos símbolos comerciais do fim da censura cinematográfica.