Latada da Academia fez críticas ao reitor
A crítica mordaz à intervenção policial, no dia 20, na Universidade de Coimbra marcou ontem a Latada da Academia, o tradicional cortejo de recepção aos caloiros.
Fardados a rigor, muitos estudantes fingiram ser elementos do Corpo de Intervenção da PSP, munidos de muitos bastões (rolos da massa), equipamento anti-motim e várias botijas de gás pimenta (extintores com autocolantes que os identificavam como gás paralisante). «Não vamos bater em ninguém, mas evitar que aquelas cenas de pancadaria se repitam», esclareceu ao DN, André Ferreira, de 17 anos, aluno de Direito. Outro colega, disfarçado de agente policial,justificava a pose: «Estamos prontos para qualquer eventualidade...». A crítica «não é para a polícia mas quem pediu a sua intervenção», diz outro estudante. No cortejo foram distribuídos milhares de jornais, cuja primeira página era dedicada ao apelo à manifestação, a realizar em Lisboa, a 4 de Novembro - na qual a Academia de Coimbra se prepara para endurecer a luta. No jornal é criticada também a «permissão» do reitor à «repressão policial». O dia 20 de Outubro (em que foi detido o estudante de jornalismo) é rotulado como «o mais triste para a Academia de Coimbra» desde que existe democracia em Portugal.
Ontem, no meio das críticas às propinas, ao desemprego dos recém-licenciados e ao barulho das latas que os caloiros tinham amarradas aos tornozelos, alunos mais velhos juntavam-se às críticas e, no meio da multidão eufórica, com algum teor alcoólico, surgia um míssil anti-reitor, feito de papel.
Pelo menos 12 jovens acabaram por ser assistidos no hospital devido a intoxicações alcoólicas.